sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A história de um retorno pra casa

A parábola do filho pródigo é uma das sacadas mais inteligentes e profundas do Evangelho. Ela mostra que Jesus, apesar de não ter sido teólogo, filósofo ou poeta "de carteirinha", de fato possuía um gênio hiper criativo e uma capacidade de visão inesgotável, propiciando materiais que nem mesmo um teólogo ou filósofo poderiam esgotar. Esta é uma parábola que, guardadas as devidas proporções, retrata a história espiritual de cada um de nós. Espiritualidade é relacionamento. Assim, a parábola fala exclusivamente de relacionamentos, entre Deus e duas espécies de pecadores: o que se afasta da presença do Pai para “curtir a vida”; e o que se julga justo demais, digno demais, bom demais pra ser verdade. Fala também de temas como pecado, arrependimento, graça, alegria e filiação. Ao invés de parábola do “filho pródigo”, melhor seria dizer “dos filhos pródigos”, pois aqui são dois e não apenas um filho perdido.
A história do Filho Pródigo é a história de um Deus que me procura e não descansa até que me encontre”, disse Henri Nouwen, autor do livro A volta do Filho pródigo, publicado pela Editora Paulinas. A espiritualidade pode ser vista, nesse livro, como uma constante busca de reconciliação do Divino com o humano; como resultado de um retorno para casa, para os braços ternos do Pai. O Pai não é agressivo, nem opressor ou arbitrário, mas compassivo e solidário com a forma humana de ser, tendo paciência paterna de esperar pelo retorno do filho pra casa, uma espera semelhante a do horizonte pelo pôr-do-sol todas as tardes; seja o que for, aconteça o que acontecer, ele estará lá, no mesmo posto de sempre, esperando ansiosamente pelo retorno do amado.
"Deixar a casa é viver como se eu ainda não possuísse um lar e precisasse procurar muito à distância até encontra-lo. (...) Abandono o lar toda vez que deixo de crer na voz que me chama amado e sigo outras que oferecem múltiplos caminhos para que eu encontre o amor que tanto procuro. (...) Sou o filho pródigo toda vez que busco amor incondicional onde não pode ser encontrado. (...) Parece-me que essas mãos estiveram sempre estendidas – mesmo quando não havia ombros sobre os quais descansá-las. Deus nunca abaixou os braços, jamais retirou sua benção, nunca deixou de considerar seu filho como Amado. Mas o Pai não podia forçar o filho a permanecer em casa. Não podia impor seu amor ao seu amado. (...) Foi o próprio amor que o impediu de manter o filho em casa a qualquer preço. Foi ainda o amor que fez que deixasse o filho procurar o seu caminho, mesmo com o risco de perdê-lo. Aqui o mistério da minha vida é revelado. Sou amado a tal ponto que tenho liberdade para abandonar a casa" (Henri Nouwen).
A arte de Rembrant, e o livro de seu conterrâneo Nouwen - inspirado na pintura e na parábola - são boas dicas de reflexão para esse fim de semana. Afinal de contas, como vai dizer Gerson Borges no musical da Volta do filho pródigo, "todo mundo é pródigo"! (Ver: http://www.gersonborges.com/avolta.htm). E, aos pródigos de plantão, deixo meu abraço, carinho e um forte desejo de que, por mais que nos percamos, fujamos ou nos desencaminhemos por alguns momentos em nossas vidas, que sigamos as pegadas do amor de um Deus que, como pai, nos espera sempre de braços abertos.
Jonathan

2 comentários:

Robinson J. De Souza (Roberas) disse...

"Se o meu coração...
incircunciso coração se quebrar...
E eu voltar pra Deus...
tão quebrantado, que não tenha nem palavras...
Se eu recomeçar ...
andar com Jesus, ouvir sua foz...
seguir a Jesus!
Cada dia é um novo tempo,
e oportunidade de voltar pra Deus...”

Obrigado porque é por meio de Cristo, que temos um pai que sempre nos aguarda de braços abertos...

segue contribuição para o ótimo post do Jon, um dos pródigos.

http://www.youtube.com/watch?v=lm89UmpOuUY&feature=related

Roberas

Jonathan Menezes disse...

Obrigado, Roberas. Me alegro com sua contribuição.
Abraços