sexta-feira, 30 de março de 2012

Uma rápida sobre a frase de John Piper

Frase de John Piper

Sinceramente, tirando as palavras facebook e twitter, não vejo nada de novo, nem de atual nesta frase; só a velha opressãozinha evangélica de sempre, de que não conseguimos dividir nosso tempo, de que não temos tempo pra Deus, pra orar, de que não jejuamos mais, e blá blá blá. Isso é falta de uma tripla percepção, a meu ver: 1. De que os tempos são outros; mas nem por isso as atrações e fontes de entretenimento de hoje, explicam nossa dificuldade com a oração, que não é de hoje; 2. Reduz a espiritualidade a esse negócio de "tempo com Deus". Quando reconheço que minha vida é Dele, por Ele e para Ele, que tempo não é para Deus? Isso é coisa muito americana (que me perdoem os americanos não fanáticos por fórmulas) e muito Richardfosteriana (desculpem-me os fãs dele) pro meu gosto, nada de novo. 3. Não percebe que orar é mais do que ter ou não ter tempo; orar é viver, é expressão de minha constante dependência e relação com Deus. O "tempo" que dedico não necessariamente determina a qualidade da oração. Muito menos diz alguma coisa sobre meu amor a Deus ou vida na graça. Se orar é viver, por que um tempo de oração de 3 horas seria melhor que o de 3 minutos?

Ah, mas se eu não passar "um tempo" desses em oração, não estarei provando a Deus que o amo e que me interesso por um relacionamento com Ele. Isso é barganha, minha gente. Se conhecerem outro nome, mais apropriado e politicamente correto, que continuem dizendo e se enganando: "tempo com Deus", "vida devota", "coração de adorador", e sei mais lá o quê. Só sei de uma coisa: estou bastante cansado de ver a perpetuação dessas velhas e caducas opressões evangélicas, que são fruto de uma teologia muito superficial e vaga sobre oração. A vida, bem… essa é mais complexa que essas fórmulas infantis e tolas podem abraçar; e pior é que elas acabam tirando nossos olhares de coisas mais sérias, mais difíceis de ser encaradas e, mais que isso, tratadas, como o orgulho humano, por exemplo. A pessoa pode ser orgulhosa e o diabo a quatro. Mas se ora bastante e não fica perdendo tempo escrevendo respostinhas no seu blog, twitter ou facebook, tá garantida, tá agradando a Deus (ou pelo menos a opinião pública evangélica de plantão). Ora, tenha santa paciência, vamos crescer, gente boa!

Por uma teologia do saco roxo, subscrevo!

Jonathan

quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma rápida sobre “Oração”

new-old-life 2

Orar é mais do que um gesto, que um rito, que um jeito de “convencer” a Deus sobre nossos “puros” desejos e sinceras intenções; antes, trata-se de uma via sempre aberta de relacionamento em que, para meu benefício e das pessoas em favor de quem oro, expresso diante do Pai, por palavras, sem palavras, através de ações ou do silêncio quieto de um quarto, o que sinto, penso e acredito, bem como minhas (nossas) dores, alegrias, queixas e gratidão.

Nesse sentido, a oração não é algo que nos retira do contato com as coisas comuns (ou mesmo as incomuns e trágicas) da vida cotidiana, nem nos eleva para um plano além do mundo e da condição humana, mas, ao contrário, é o que nos ajuda a estar mais atentos a esta vida, que a cada momento pulsa e gira ao nosso redor, e à presença constante e, na maioria das vezes suave e silenciosa, de Deus... No choro de uma mãe, na alegria e sorriso de um casal, na convulsão tortuosa do trânsito das grandes cidades, na brisa leve e fresca das manhãs no campo, no pranto e no riso, no luto e na alegria, e assim por diante.

Jonathan