sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Quem é esse ser que logo sou?


Eis algumas perguntinhas despretensiosas que esse texto – “Como sabotamos a nossa vida sem perceber” (ver aqui) - me induziu a fazer a mim mesmo (e para além do que ele diz):

- O que ou quem define minha vida? 
- O que sobra de mim, para além da imagem (pública) que construo diariamente?
- O que sobraria dessa imagem pública caso mais pessoas, além de mim mesmo, soubessem um pouco mais sobre quem realmente sou?
- E quem realmente sou? Quem sabe quem é "realmente"?
- Quem são as pessoas que de fato gostam de mim, pelo que sou?
- O quanto de integridade estou disposto a abrir mão para que mais pessoas "gostem" de mim?
- De quantas curtidas eu preciso para me tornar "alguém"?
- Qual é a história mais importante: a que eu escrevo, a que os outros escrevem sobre mim, ou a que eu e os outros inventamos sobre um "eu" que na verdade inexiste, exceto como emulação ou fantasmagoria?
- Vivo eu, sobre-vivo, sub-vivo ou, como diria Paulo, é o Cristo que em mim vive? Afinal de contas, o que significa "viver"?
- E se não vivo "realmente", o que tem me privado de viver?

Não tenho respostas a dar a maioria dessas perguntas, e não estou preocupado com isso. Tento, como diz Rilke em suas Cartas a um jovem poeta, “ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e e como livros escritos em uma língua estrangeira”, procurando não investigar “as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las”. Vivo agora as perguntas! (p. 43)

Não faço isso por preguiça, mas por zelo e amor pela vida, tão rica e complexa para ser encerrada em conceitos. Porque a vida, companheiros/as de rede, é como um enigma fascinante (se não posso definir, o negócio é comparar). Tão fascinante (e única) que não posso continuar vivendo sem parar para refletir no modo; tão enigmática que não é possível desvendá-la por inteiro; e tão breve que não vale a pena se paralisar pela possibilidade de perdê-la. Afinal, como disse o Mestre dos mestres e Senhor dos senhores, quem perde a vida, a acha. Quão libertadora não pode ser a ideia de ganhar aprendendo a perder aqui e ali? Eis um paradoxo da vida: a vitória nem sempre é parceira do ganho; e perder-se pode ser a melhor maneira de se achar.

Jonathan