quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre usos e costumes

Alguns pediram, então aí vai o que basicamente entendo por "usos e costumes".

Trata-se de uma doutrina, que tomou lugar sobretudo nas igrejas pentecostais mais tradicionais (Assembléia de Deus, Congregação Cristã, dentre outras), embora não se restrinja somente a elas, em que textos bíblicos são lidos e aplicados em seu sentido literal para justificar certos "usos e costumes", tais como não cortar o cabelo, não se maquiar e usar saia (no caso das mulheres), ou não deixar o cabelo crescer e só usar calça, para homens. Isto, é claro, tem também sua versão mais moderna na questão de bonés, piercings, brincos, tatuagens e afins, e numa série de regras proibitivas que acabam tomando lugar aqui e acolá nas igrejas evangélicas.

Devido a grande diversidade de igrejas, denominações e, consequentemente, de visões doutrinárias, é possível encontrar muitas variações disso, não só aquelas mais explícitas, como as já mencionadas, mas outras mais sutis, isto é, coisas que começamos a fazer pelo hábito do grupo ou do rebanho, sem se perguntar por que.

Uso e costume, de modo mais amplo, poderia ser também entendido como todo tipo de "cultura" imprimida pela igreja com vistas a mudar a vida dos crentes no aspecto exterior e, porque não dizer, superficial. Usos e costumes são o "crachá" do crente. Poucas vezes têm algo a ver com fé. É mais produto da religião (e da crença) do que da fé (ou mesmo da religiosidade, como expressão espontânea de temor e tremor diante do sobrenatural). E seu maior problema, a meu ver, é esse: reduz a ética cristã a um nível meramente superficial e de obediência a regras, e a fé àquilo que nos leva a cumprir a lei somente.

Jonathan