segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Fé ou fundamentalismo religioso?


Nos ultimos tempos, temos visto e ouvido constantemente exemplos de fundamentalismo religioso, que se aplicam a diferentes tipos de crença, desde islâmicos e hindus, até católicos e protestantes. Bin Laden, George Bush, Bento XVI... figuras públicas, homens de "fé"? Quais os limites ou limiares que estabelecem clivagem entre a fé genuína e o fanatismo religioso?

Fanático é todo aquele que se devota exageradamente a alguém ou a alguma coisa. O fanático, via de regra, é visto como um desvairado que cegamente se atira precipício abaixo, se preciso for, em nome de suas “convicções de fé”. Mas esse tipo de crença nada tem a ver com as convicções bíblicas de fé, porque milita contra a vida. Basta olharmos para a fé de Jesus e o que era “fé” para ele. Quer exemplo melhor? Jesus nunca deu uma “definição” sequer de fé, como vemos em Hebreus, mas usou exemplos de pessoas que se destacaram por causa de sua fé Nele, do meio de gente muito ávida para ver seus milagres, mas totalmente destituída de fé. Um exemplo positivo foi o caso dos quatro homens de Cafarnaum que carregaram um paralítico até Jesus (Mc 2.1-12). Demonstraram uma fé, ao mesmo tempo, solidária, corajosa e inteligente. Não se trata de doidice ou devaneio. A fé bíblica pode ser vista como um passo de coragem que damos pelo poder da Graça de Deus.

Ter fé é viver em solidariedade com os outros e partilhar a esperança da libertação em Jesus. Fé é a convicção de que é preciso assumir riscos (sem colocar em risco a vida alheia) reconhecendo que a vida nos guarda surpresas inesperadas, mas que Deus, invariavelmente, também nos surpreende com seu irredutível amor. Não há limites para essa fé, porque é dom. Devemos delimitar, sim, e diferenciar aquilo que muitos chamam “fé”, e que não passa de surto psicopatológico, de pessoas regradamente presas a um dogma e desregradamente soltas para dizer e fazer tudo que for preciso para defender aquela “verdade”, da fé genuína, surpreendente e libertadora de Jesus. Essa última é fé; já a primeira é fanatismo, fruto dos fundamentalismos religiosos de nosso tempo. Dessa “fé” eu quero distância.

Jonathan

4 comentários:

Unknown disse...

Bom dia Jon... grande texto!
Beijos

Unknown disse...

Fé, pra mim, é dar confiança. Acreditar.

Porém, muitas pessoas confundem isso. E acreditam sem ver. Isso pra mim é se enganar, se alienar.

Paixão de mais, cega.

Eu soooooooooooooo-ou... Corinthians.

Anônimo disse...

Boa reflexão Jon!
De fato Jesus não se preocupou em definir fé, até mesmo a definição que encontramos em Hebreus dá margem para o fundamentalismo ou qualquer exagero dentro ou fora do cristianismo.
Assim, a fé pode ser a porta de entrada para muita desgraça e explicaria, ou seja, seria a causa de boa parte do sofrimento humano. Mas quando olhamos para a fé de Jesus de Nazaré, conseguimos destinguí-la de muitos outros personagens bíblicos e também das definições contemporâneas.
A FÉ CRISTÃ, ensinada por Jesus, não pode ser entendida ou vivida isoladamente, depende de um contexto, dos princípios que norteiam o Evangelho e a Nova Vida em Cristo. Entendo que o seu pulsar encontra-se no amor a Deus e ao próximo. O que se exceder a isso é outra coisa: fundamentalismo, alienação, ignorância, loucura, piração... Mas não é fé!
Abraço
PC

Robinson J. De Souza (Roberas) disse...

Na minha leitura deste fundamentalismo-xiita, vivido pela maioria dos nossos irmãos na fé, é resumida pelo medo das conseqüências provindas da verdadeira libertação que o Cristo, pela sua graça, disponibiliza para o ser humano.
Tal liberdade é perigosa, na ótica e na falta de consciência deles, pois concede ao homem um andar em direção á sua humanização.