quinta-feira, 3 de abril de 2008

Carta a uma nação cristã

O ateísmo está em "alta": vivo e ativo. Pelo menos nos EUA. Depois do lançamento do livro "Deus: um delírio" (2006), de Richard Dawkins, Sam Harris, ateu, filósofo e parceiro de militância de Dawkins na causa ateísta, lança seu segundo livro: "Carta a uma nação cristã" (2007). Seu primeiro livro: "O fim da fé - religião, terror e o futuro da razão", já havia sido sucesso de vendagens nos EUA. Nessa obra, porém, o autor reporta-se diretamente aos cidadãos e cidadãs norte-americanos, que são essa "nação cristã" a qual ele alude no texto.
Duas coisas principais me chamaram a atenção nesse livro:

(1º) O autor faz uma desconstrução do cristianismo "por dentro", isto é, a partir dos meandros internos dessa religião, desde a Bíblia, passando pelos dogmas e teologia (e aqui nem os teólogos liberais e moderados, como ele mesmo chama, escapam), até chegar na raiz da moral e dos costumes cristãos.

(2º) Ele parte do pressuposto que seu livro-carta é um produto do fracasso do próprio ateísmo no último século e em nossos dias. Como ele afirma: "o fracasso dos numerosos e brilhantes ataques á religião que vieram antes, o fracasso de nossas escolas em anunciar a morte de Deus de um modo que cada nova geração possa compreendê-la, o fracasso da mídia em criticar as abjetas certezas religiosas das nossas figuras públicas, fracassos grandes e pequenos que vêm mantendo quase todas as sociedades deste planeta imersas nas suas confusões mentais acerca de Deus e desprezando todos os que têm confusões diferentes" (Harris, 2007, p. 85).

A meu ver, os argumentos de Harris contra as Escrituras são fracos e tendenciosos. Fracos porque desconsideram o contexto histórico-cultural em que foram produzidos os textos da Bíblia (e, nesse sentido, ainda é uma interpretação fundamentalista, embora ele combata veementemente o fundamentalismo, porque literal). Tendenciosos porque se fixam nas leis e mandamentos de Levíticos e Deuteronômio, que estão longe de serem universalmente aplicáveis.

Por outro lado, penso que suas críticas no que tange a história e moral do cristianismo são pertinentes, e em muitos sentidos também são as minhas. Sua denúncia ao caráter farisaico e pernicioso da religião muito se assemelha ás críticas de Jesus aos escribas e fariseus (Mt 23), de que "coam o mosquito", mas "engolem, o camelo". É um livro curto, direto e que tem uma pretensão bastante clara: extinguir cada vez mais a religião e seus apelos do coração do ser humano.

Fracassada ou não, certa ou errada, essa me parece uma pretensão um tanto quanto ousada e quimérica num mundo em que a religião assume, em forma de retorno avassalador após uma tentativa de exílio e supressão (falo da razão moderna), lugar cada vez mais predominante. E é claro que, para o Evangelho, isso tem tanto dimensões positivas e negativas. O positivo, a meu ver, é que existe uma nova abertura e predisposição do ser humano ao sagrado, e isso pode ser campo fértil para a penetração do Evangelho. Negativo, pois as muitas formas que esse sagrado assume na vida das pessoas hoje faz com que se pulverize a noção de verdade e de felicidade, que não residem mais necessariamente em Cristo, mas nos muitos deuses e muitos cristos erigidos, seja em nome da religião ou da própria busca de satisfação pessoal que pouco tem a ver com o Evangelho.

Abaixo, um trecho do livro de Harris, falando sobre a moral cristã no que diz respeito ao sexo. É para parar e pensar!

Jonathan

Um comentário:

André F Barro disse...

ae jon, gostei do seu blog cara.
nao o conhecia e o vi no perfil da sua sister no orkut!
massa, continua bixo, ta bem bruto

abrasss