quarta-feira, 12 de março de 2008

O que fazer quando me sinto distante? (I)

Eu disse na minha pressa: estou excluído da tua presença” (Sl 31.22).


Tenho a sensação de que quanto mais milhas acumulamos na caminhada da fé, maior se torna a pretensão de que estamos muito próximos ou íntimos de Deus, de querer parecer melhores que outras pessoas “pagãs. Ora, alguém pode questionar: Sendo nosso alvo Jesus Cristo, o progresso, o crescimento e uma maior intimidade com ele não são conseqüência? Tenho a convicção que sim. Todavia, sob o signo desse suposto progresso espiritual, corremos o risco de fazer com que a linha de chegada pareça mais próxima do que realmente está. Em outras palavras, um mínimo sinal de progresso pode se tornar pretexto à estagnação, ao conformismo, de achar que já somos e sabemos o suficiente na vida cristã, de que o mal não mais nos atinge e de que “estamos a dois passos do paraíso”.

O resultado são crentes que passam anos a fio na igreja, de domingo a domingo, uma atividade religiosa após a outra, sem passar pela verdadeira transformação do Evangelho e sem viver em novidade de vida. Um pouco de honestidade e realismo, porém, nos ajudaria a pôr os pés no chão e atentar para o fato de que ainda somos humanos e a vida é um pouco mais complicada porque somos seres contraditórios, sujeitos a errar, e muito. A minha percepção é que quanto mais meu senso de justiça e bondade próprias me levam a pensar que estou muito perto da vontade de Deus, mais, na realidade, continuo me afastando dela. Na Bíblia existem diferentes paralelos que comprovam isso. Um exemplo está na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14). Jesus utiliza-se desses dois personagens para dizer que a justiça vem de Deus; assim, “todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado”.

Então, o que fazer quando em cada um de nós se aguça, como no salmista, esse sentimento de exclusão, abandono e distância da presença do Senhor? Começo a perceber que a súplica desesperada acompanha constatações sinceras de pecadores, cuja consciência da presença de Deus permanece viva, apesar de todo o seu pecado. “Não obstante, ouviste a minha voz quando clamei por teu socorro”. Esse é o contraponto do salmista ao seu estado de ânimo inicial. O amor e a graça de Deus não permitem a exclusão total de um pecador consciente da presença santa deste Deus, nosso consolo e esperança na angústia. Deus seja louvado, hoje e sempre, por sua misericórdia.

Jonathan

2 comentários:

Anônimo disse...

É Jon...relacionamento íntimo e constante com Deus é uma luta diária que enfrentamos a cada dia. Devemos tomar o cuidado de estar sempre focado em Deus, criar uma rotina de meditação diária, vida de oração, mas com o cuidado de não vir a se tornar um ritual religioso simplesmente. Graças a Deus por nos amar e não desistir das nossas vidas mesmo sendo inconstantes e muitas vezes infiéis com aquilo que nos comprometemos com Ele. Uma das frases ditas por Philip Yancey no livro "Maravilhosa Graça" me chama a atenção e realmente tem fundamento: "Não há nada que você possa fazer de bom para que Deus te ame mais. E não há nada que você possa fazer de ruim para Deus te amar menos. Porque o amor de Deus é incondicional".
Tenho visitado seu blog sempre que possível e tenho sido abençoado pela sua vida, aliás, desde a adolescência, né? hehe
Grande abraço.
Deus te abençoe.
André Marim

Jonathan Menezes disse...

Concordo com você, André. É uma luta, porque a vida em si é uma luta. Lidamos com demônios exteriores e interiores todos os dias, e aqui estou falando de psicologia e não espiritualizando a coisa. Somente a graça é o remédio para nossos "demônios". Obrigado por visitar e comentar.
Abraços meu amigo!