segunda-feira, 10 de março de 2008

Ideal cristão: exclusividade ou inclusividade?

Defendo não só a exclusividade de Cristo como Senhor (o que não significa defender necessariamente todas as formas de cristianismo ou igreja), mas também que o movimento que ele fundou é para minorias, e não para multidões. As minorias serão o fiel remanescente, que compreende e busca viver a mensagem em sua integralidade, não se deixando guiar por qualquer "vento de doutrina" ou pela corrente mais atraente do momento ou que esteja de acordo com a moda. O Evangelho é universal e é para todos. Mas, por enquanto, apenas algumas minorias na história compreenderam que ser universal não significa ser arbitrário, violento ou autoritário.

Exclusivismo, sim, mas um exclusivismo inclusivo. Como pode ser isso? Aqueles que não estão conosco estarão, necessariamente, contra a gente? Não, apenas estarão na sua - essa é uma máxima da pós-modernidade, embora os fundamentalismos religiosos estão aí pra mostrar que a intolerância ainda está presente nos círculos religiosos. Agimos com exclusivismo não somente na afirmação da doutrina, do dogma ou de uma confessionalidade; mas quando optamos pelas escolhas radicais de Deus: o amor, a justiça, a alegria, a paz, ao humano, sempre ao humano. Essa é a maior confissão de todas. Exclusos estarão naturalmente aqueles que optarem pelo contrário. A comunidade de Jesus é perseguida pelo mundo por seu exclusivismo de viver intensamente o amor a Jesus Cristo e, como corolário, ao mundo pelo qual Ele morreu. É perseguida também pelas atrocidades cometidas por cristãos. Mas isso é uma outra história. Essa é uma perseguição mais do que óbvia. A graça comum faz com que outras pessoas optem pelo bem e pela justiça e se indignem contra a violação dos direitos mais básicos do ser, a vida, a liberdade, a justiça, etc.

A opção dos "outros" pelo "ideal do eu" deve nascer de uma sincera convicção de que tal ideal só é "ideal" enquanto remete, para além do "eu", para a vida abundante a qual Jesus prometeu, Nele. E nisso, não tem nada de proselitismo, mas é a vocação da igreja. Isso se, e somente se, ela entender que evangelizar não significa empunhar uma bandeira ou uma "espada" em busca da "conquista" do outro para seu ideal, mas do encontro e diálogo com o outro, em amor e respeito, ambos em busca desse ideal. "É um mendigo ensinando a outro onde encontrar pão", diria Orlando Costas. Também não posso, antes de tudo, submeter um ideal ao outro se minha vida não é a expressão cabal desse ideal. Do contrário, cai-se no descrédito. Um ideal sempre passa pelo crivo do eu. Mas nunca deve se submeter totalmente a ele, pois assim fazendo passaria longe de um ideal de Deus. Como saber se esse meu ideal é um ideal de Deus, e não uma simples elucubração da mente humana? A Palavra. Não conheço outra forma, outro norte. Que Ele nos ilumine nela e através dela.
Jonathan

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