segunda-feira, 23 de março de 2009

O Evangelho Integral (Parte final)

Algumas considerações finais sobre o que procurei abordar e enfatizar nessa série de quatro textos sobre a integralidade do Evangelho:

(1) Confrontados por uma encruzilhada que nos coloque entre a vida e a morte, o bem e o mal, não podemos nos esconder atrás da religião. A omissão é tão ou mais fatal do que os muitos pecados que a “convenção” nos leva a rechaçar (Ex. beber, fumar, adulterar, vícios, etc.).

(2) Devemos lutar para que a vida seja preservada, contra as intolerâncias e pragmatismos religiosos de nosso tempo. Muito preocupados em “não-fazer” uma série de coisas, deixamos de fazer o bem que nos cabe. Não servimos a um Deus sádico, mas a um Deus de amor, graça e misericórdia.

(3) Nossa missão de amar as pessoas indistintamente implica em romper com as barreiras de lícito e ilícito, sagrado e profano, mais e menos “espiritual” do nosso universo religioso (ler Tg 1.10-16).

(4) Mentes e corações corrompidos geram imposições falsas, contra uma falsa “corrupção”. Todas as coisas passam a ser santas para aqueles que são santos no Senhor.

(5) A verdadeira corrupção, porém, precisa ser combatida; essa corrupção que gera injustiça, miséria e dor, e que tanto tem se proliferado no nosso país. Como disse, parte de nossa missão é não nos omitir perante as escolhas que o próprio Deus fez: pela vida, pela justiça, pelo amor, paz, alegria e esperança. Esperança de dias melhores na “casa da humanidade” e de uma vida vindoura na eternidade, onde não haverá mais lágrima, choro ou dor.

Mas, e até lá? Empunharemos a bandeira da esperança apenas como um ideal vazio, ou a vivenciaremos de maneira concreta, nas lutas pela paz, pela justiça, dignidade e igualdade entre os seres humanos? Não basta falar de esperança, é preciso lutar para que ela se mantenha viva. Como afirma Orlando Costas,

“O signo de esperança para o mundo que provê o o Espírito na comunidade eclesial se confirma no serviço libertador do povo de Deus em favor da humanidade. Falar de esperança para um novo mundo, sem participar em esforços concretos para fazer desse mundo um melhor lugar de vida, é negar essa mesma esperança; com efeito, é fugir para uma abstração vaga do outro mundo, que paralisa a força transformadora da missão escatológica do evangelho e termina sacralizando o status quo. A esperança para a redenção do mundo sem a ação redentora no mundo é uma blasfêmia”. (Costas, Evangelización Contextual, p. 80).
Jonathan

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