quinta-feira, 26 de março de 2009

A Canção Das Mãos Vazias - por Gedson Lidório

Alguns profetas Deus colocou nas mãos a espada, outros o cajado, e outros... bem... outros há, como eu, que têm mãos vazias... Aprendi, com isto, que não preciso de um trono, pois para quem deseja lavar pés aos outros, o trono é desnecessário, ficará sempre vazio.

Não preciso de carta de apresentação dos grandes, pois quem se dirige ao pobre e necessitado é a sua última esperança. Não preciso de reconhecimentos eclesiásticos, pois não tenho missão alguma a cumprir nos templos e sim nas ruas e campos. Nem preciso de grande nome, os surdos nunca o ouvirão; não preciso ser grande em qualquer coisa, os cegos não perceberiam. Não tenho ao menos um cajado na mão.

Mas, minhas mãos vazias têm deixado transbordar bálsamo para corações partidos, cura para os doentes, unção para os oprimidos, carinho para os que sofrem, liberdade e salvação aos prisioneiros da morte. Foi somente quando Deus esvaziou minhas mãos que entendi mais profundamente o que é ter um coração cheio de misericórdia e compaixão. Foi aí que entendi o que é dar um banquete e convidar os pobres, alienados, oprimidos, despedaçados...

Minha missão tomou rumos incertos a todos que me cercam; ficou mais difícil de ser cumprida, não pode ser definida nem querida pelos que a analisam. Eu sei que é difícil enxergar o dom naqueles que o dom é ter mãos vazias... somente sabem de tudo, aqueles coraçõezinhos que não tinham mais esperança no mundo e nunca tinham mãos que os segurassem para não continuarem a cair no abismo... e de repente... acharam mãos que estavam vazias o suficiente para agarrá-los. O amor de um destes corações, apenas de um, me dá energia suficiente para continuar a jornada por mais mil anos... mesmo de mãos vazias.

Gedson Lidório

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