quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Liberdade não domina, liberta

1.
A liberdade cristã , parafraseando de John Stott, consiste na libertação pessoal de meu tolo e diminuto ego, a fim de viver responsavelmente em amor a Deus e aos outros.
2.
Liberdade não é, por assim dizer, afastamento nem tampouco dominação. Na acepção de Jürgen Moltmann, “quem entende a liberdade como dominação, na verdade só conhece a si mesmo e sua propriedade". É uma grande incoerência chamar de liberdade o que, para outros, é só opressão: a liberdade-riqueza que torna outras pessoas pobres; o livre exercício de um poder que apenas escraviza os seus “súditos” – homens, mulheres e crianças. A liberdade, por sua vez, só acontece quando reconhecemos os outros e por eles somos reconhecidos. Essa é a liberdade como comunhão. Segundo Moltmann, “sou verdadeiramente livre quando abro a minha vida aos outros e com eles compartilho, e quando os outros abrem a sua vida para mim e compartilham comigo”.
3.
A liberdade como dominação é a liberdade que pretensamente se “conquista”, seja por meio da disputa e do embate aberto com o outro, ou por intermédio da fuga para dentro de si mesmo (egocentrismo). Mas liberdade, num sentido mais profundo, não é conquista, mas é recebida como dom de Deus. Assim como há somente um único Deus, o qual nos concede o dom da liberdade, logo há também uma única via de liberdade, que é a que procede desse Deus. Existem possibilidades de interpretação, tematização e compreensão dessa liberdade, por meio de diversas fontes. Contudo, ela se une com aquele que a gerou.
4.
Também não existe liberdade genuína para o ser humano fora da relação com Deus. Se a liberdade humana não está centrada em Deus, perde seu foco e sua essência, passando a ser propiciação autocentrada, isto é, o “eu” é quem comanda a liberdade de si e para fora de si mesmo. E, ao invés de liberdade, tem-se uma das piores formas de dominação, orientada para o ego: a libertinagem. João Batista Libânio afirma que “vive mais profundamente a liberdade cristã um ateu que orienta sua vida para a comunhão com os irmãos, sacramento da união com Deus, mesmo sem disso ter consciência reflexa, que um cristão que vive a liberdade na solidão do egoísmo, rompendo a comunhão com os irmãos e com Deus”.
Jonathan

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