O livro "A Cabana" está tendo uma repercussão incrível, maior do que eu imaginava. Muitas pessoas têm lido esse livro e falado muito bem dele. Em breve, tudo indica que sim, teremos um longa-metragem baseado em seu enredo. Hoje encontrei no blog de Thiago Mandanha, uma entrevista com William P. Young, autor da obra. Nessa entrevista, ele fala sobre como surgiu a idéia do livro e como essa idéia sempre esteve ligada com sua vida familiar e os dramas e dores pessoais que, por anos a fio, enfrentou e carregou dentro de si.
O que mais me chamou a atenção na entrevista, foi o fato de Young ter se colocado como uma pessoa que sempre foi muito religiosa, e que por muito tempo escolheu se esconder atrás da religião. Penso que essa é uma tentação de muita gente, inclusive a minha própria: a de utilizar "Deus" e a religião como um artifício e muleta que nos ajuda a nos manter longe, mas bem longe de nossas deficiências, dores, da vida real. Quando leio "A Cabana", estendendo um pouco aqui meu comentário, tenho exatamente essa sensação, de que o autor fala com conhecimento de causa, ou seja, como alguém que viveu e se criou nas entranhas da religião, e sabe bem quais podem ser suas armadilhas, ilusões.
Gosto quando ele fala que há muitas dores nesse mundo, muitas delas, eu diria, são feridas expostas, para todo mundo ver, ainda que muitos as ignorem, outras, são mais profundas, enraizadas, imperceptíveis, e, por isso, mais cortantes e nocivas, especialmente quando fazemos de tudo para não encará-las, saber que elas existem, que são reais, estão ali, talvez jamais nos deixem, mas que, de qualquer forma, precisariam ser tratadas, de modo que pudéssemos crescer, aprender com elas, tornando-nos pessoas mais humanas, mais completas, mais maduras e mais solidárias com a condição humana em geral, a condição de nosso próximo. Todos, embora sejamos tão diferentes, somos irmãos e irmãs na dor. Sonho, pelo menos para mim, e assim faço coro com tantos outros como William Young, Brennan Manning e Henri Nouwen, que possamos encontrar a felicidade na medida em que abraçamos a vida "como ela é".
Segue a entrevista de Young. Destaque para a boa tradução e pela legenda, disponibilizadas pelo autor do blog "Tomei a pílula vermelha" (veja nos "links que recomendo").
Jonathan