terça-feira, 21 de setembro de 2010

No limear entre o Amém e o Retuitar

É engraçado, porém, não sem sentido, como certas reflexões que tenho feito têm nascido e crescido ultimamente de papos informais, seja pessoalmente ou pelo twitter. Às vezes, o que escrevo vira opção de reprodução no twitter, às vezes o que tuíto (é assim que escreve?) vira alternativa para reflexões textuais mais ou menos amplas, como será o caso a seguir.

O último de meus cúmplices de idéias foi Sérgio Carmo (sigam ele no twitter: @sergiorscarmo, pra não dizer que não fiz “jabá”), após sua resposta a uma de minhas postagens, que dizia: “É tendência dominante na religião o endosso sem o exame crítico, o ‘Amém’, sem o conferir coisa com coisa”. Então ele respondeu com um “Amém” (risos), e em seguida brincou com o lance, dizendo que “o amém é o retuíte da vida real”. Gostei da brincadeira, e repliquei dizendo que, por sua vez, “alguns améns” (isto é, nem todos) são retuítes (sem edição, nem adição) da vida real. E ai de quem “adicionar” ou “subtrair” algo! Afinal, à Palavra (de Deus, ainda que segundo os homens) não se põe, sobrepõe e nem se tira nada, sobretudo quando são palavras dos “ungidos de Deus” (leia-se: “do próprio Deus”).

Para acrescentar algo a mais em nossa despretensiosa conversa, disse (aproveitando as últimas discussões de natureza político-religiosa que temos acompanhado via web) que o diálogo entre cristãos deve acontecer na tensão entre amém e não-amém, evitando recorrências freqüentes ao “seja anátema”. Porque a linha é muito tênue, tenho defendido, entre o expor e ouvir opiniões diferentes, e o destilar de nossos anátemas e demonizações (que se pretendem desideologizantes, mas que são ideológicos) ao diferente, simplesmente porque o diferente não é o “como-eu” da Palavra. Sacaram? Não?

Ora, pois: tentando ser menos filosófico – porque até isso hoje é motivo pra ser execrado no meio evangélico, ou seja, “ser filosófico” é igual a “não ser crente” – o que estou dizendo é que tendemos a tratar o vizinho (diferente) como ameaça, especialmente se o “diferente” desse vizinho é “diferente da Palavra” (leia-se: diferente de “como eu” leio a Palavra, sem admiti-lo). Encurtando e indagando: quem foi que disse que a gente precisa dizer amém pra tudo o que tem uma conotação religiosa, teológica, sacerdotal ou sagrada? Quem seria capaz de se dizer árbitro e detentor do critério máximo da Verdade, a ponto de não admitir outra interpretação da Palavra (e da realidade, à luz dela) que não a sua própria – ou a de seu gueto (leia-se: igreja), pastor, bispo, apóstolo ou papa? (Essa pergunta foi retórica, pois há muitos entre nós que ainda têm se mostrado bem capazes disso).

Enfim, será que os bereanos – aqueles que foram considerados “mais nobres” que os tessalonicenses, porque não só tinham grande interesse pela Palavra, como a examinavam cuidadosamente enquanto ouviam, para ver se tudo era assim mesmo (At 17.11) – enquanto tipologia crente, ficaram tão distantes de nós a ponto de serem extintos? Acho que não. Eles podem ser minoria (como têm sido na história?), mas ainda estão por aí, espero, e a se propagar pelas “beiras” (como diria Marcos Monteiro) do cristianismo brasileiro. E que eles cresçam entre e além de nós, não só nas igrejas, mas nas praças, instâncias públicas, na política, na cultura, na economia, na sociedade, em outras culturas... Há um amém pra isso? Se sim, então retuíte (ou repasse) pra tua galera, se quiser. Se não, amém!

Jonathan

2 comentários:

Eduardo Sales de Lima disse...

Parabens pelo teu trabalho, muito bom teu blog.
Esto me inscrevendo para te seguir e adicionando um link no meu blog para o teu. Se puderes visite meu blog e post uma mensagem.
Paz.
Eduardo Sales

Jonathan Menezes disse...

Grato, Eduardo. Me passa o link do teu blog que o visitarei com prazer.
Paz e bem...
Jonathan