sábado, 11 de setembro de 2010

Oração e Integridade (I)

Poucas vezes a oração esteve entre os meus mais diletos temas. Talvez porque as exigências que quase sempre ouvia em relação a ela soassem pesadas e grandes demais para os raros (e custosos) momentos de oração aos quais me dedicava.

Na adolescência, me diziam que a oração é um elemento fundamental na vida de qualquer cristão verdadeiramente convertido, como uma espécie de “termômetro da espiritualidade”: quanto mais a gente ora, mais próximos de Deus estamos, logo mais espirituais somos. Essa lógica sempre me soou muito própria do ponto de vista da vida cristã formal – que eu tinha como referencia – mas, ao mesmo tempo, bem imprópria do ponto de vista de minha pouca capacidade de adequação a esses moldes.

Fora isso, ainda tinha o desânimo que batia ao ver (e ler) certas coisas sobre oração que a tratavam como um “negócio”. Tipo, é quase como se estivesse dizendo que oração é fazer business com Deus. Só não diziam que é um tipo de business do qual Deus mesmo, geralmente, está ausente. Afinal, pra quê Deus, não é mesmo? A oração já faz tudo: ela liberta, expulsa demônios, gera emprego, cura doenças, traz o marido ou a esposa de volta, tem o poder de converter o coração de pessoas e, mais do que isso, de “mover o coração de Deus”. Não me esqueço da primeira frase que li no livro “A oração de Jabez”, de Bruce Wilkinson, em que ele dizia: “Caro leitor, quero ensinar-lhe como fazer uma oração à qual Deus sempre atende” (2001, p. 02). Foi o suficiente pra eu não querer ler mais. E nem precisava...

Ainda hoje me impressiono positivamente ao ver pessoas, como meu colega Steve, que são intercessoras por natureza. Mas tenho tentado deixar de lado a ilusão de orar tanto quanto elas ou de ser igual a elas, pois isso é algo que nunca serei. Tento admirá-las como admiro quem serve com naturalidade e prazer, quem canta maravilhosamente, quem apara um jardim como ninguém, quem cozinha coisas deliciosas, quem joga futebol magicamente, ou quem ensina e discursa conseguindo prender a atenção das pessoas do começo ao fim. São dons especiais.

Mas orar não tem a ver só com o dom de intercessão. Aprendi há algum tempo que, orar, mais do que interceder ou falar com Deus, é viver. A Bíblia diz: “Orai sem cessar”. Isso pode significar que, mesmo quando o falar cessa, a oração não termina; Deus continua falando, e nós devemos continuar ouvindo a sua voz, que, apesar de inaudível, não cala. Deus tem seus meios, os mais diversos, para falar conosco. E tenho aprendido que, não obstante toda formalidade que ainda impera nesse quesito, há também muitos jeitos de orar, de andar e me relacionar com Ele.

Continuo no próximo post, falando da oração e integridade no profeta Jeremias.

Jonathan

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