terça-feira, 29 de junho de 2010

A difícil tarefa de perdoar (II)

Em segundo lugar, precisamos reconhecer quem nós somos nessa história


Como Jonas, repetindo, somos versados nesse negócio de perdão e até bem conscientizados a respeito. Porém, teimosia, rancor, mágoa, hipocrisia, falsidade, personalidade, entre outros fatores, nos conduzem à fuga muitas vezes. Társis, uma colônia fenícia ao sul da Espanha, é a representação desses “lugares de fuga”

Vamos para Társis, quando não queremos lidar com uma situação de desconforto...

Vamos para Társis para não sermos confrontados por algo que fizemos...

Vamos para Társis todas as vezes que queremos evitar alguém (pessoa indesejada)...

Társis é lugar de refúgio, contra si mesmo, contra Deus, contra os outros... Para mim, Társis é a representação de um lugar onde eu possa me ver “livre de cargas”, de deveres. Em Jonas, esse dever era pregar arrependimento (condenação) pelo pecado, sabendo que Deus poderia (e provavelmente iria) mudar o curso, aplicando seu programa de perdão.

Nós também queremos nos ver livre de cargas. Mas quando é outra pessoa que está em débito conosco, queremos que ele/a pague com juros. Vivemos, assim, a contradição de Jonas: recebe o perdão divino, mas é incapaz de fazer o mesmo com os ninivitas (ver 2.10; 4.1; ou como o “servo mau”, de Mt 18.32-35).

Então, conscientemente ou não, fazemos nossos planos de punição. Qual será a melhor maneira de punir aquela pessoa por aquilo que ela me fez? Quem sabe "dando um gelo nela", pagando na mesma moeda, punindo com rancor e falta de perdão (quando nós mesmos é quem estamos sendo punidos), ou orando pra que Deus faça a sua "justiça" e a castigue pra valer. Em termos de ser humano (Jonas), há muitas possibilidades nesse item...

Uma das virtudes dessa história, portanto, é a de fazer com que eu me reconheça: primeiro em Jonas, o fujão, “reclamão”, impiedoso, para, quem sabe, poder me reconhecer em Deus, amoroso, misericordioso, gracioso, e que perdoa.

(Continua...)

Jonathan

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