sexta-feira, 26 de março de 2010

Igreja: Alternativa do Espírito?

Recebi um email de um aluno, que me perguntava: É teologicamente correto dizer que a igreja é um tipo de sociedade alternativa? Eis minha resposta:

Sem dúvida, em minha compreensão isso não só está teologicamente “correto”, como historicamente tem marcado a vida da igreja, daquela que não se rende aos ditames do institucionalismo; sempre que ela resolve ser fiel ao seu chamado de sinalizar o reino no mundo, ela se constitui como uma “sociedade alternativa”, não no modo hippie “paz e amor” dos anos 70, ou no sentido de que seria uma “ilha” apartada do resto, onde podemos nos alienar do mundo, mas enquanto se mantém como ponto de esperança bem no meio do mundo.

Ali nossos conflitos não são diminuídos porque somos cristãos – como afirma essa versão mais sofisticada da teologia da prosperidade, anti-crise e sofrimento. Pelo contrário, eles aumentam, à medida que não vivemos de acordo com os termos do mundo e sim do reino, como o próprio Jesus advertiu aos discípulos (João 15), para que não se admirassem se o mundo os odiasse; é que eles não vivem segundo os meandros do mundo, nem os obedecem; se vivessem de acordo com tais termos, o mundo os amaria e os aprovaria. E, veja bem, tudo isso acontece porque estamos no mundo, porque Deus amou o mundo, e porque nos chama a proclamar a reconciliação em nossa vida no mundo.

Penso, assim, que a igreja deveria ser idealmente a alternativa do Espírito para os cansados, feridos oprimidos e sobrecarregados do mundo; ser agente profético de denúncia à corrupção e injustiça, sob que forma elas apareçam; ser agente de transformação integral. Por outro lado, sempre que a igreja deixa, por alguma razão, de exercer esse papel, o Espírito, inadvertidamente, não deixa de agir. Isso significa que o Espírito não é monopólio da igreja...

Não é Ele quem acompanha os movimentos (e patacoadas) da igreja, mas é exatamente o contrário, a igreja que, como comunidade dos carismas, deve acompanhar o sopro do Espírito, onde quer que ele esteja soprando, e ouvir a sua voz, ainda que não saiba dizer de onde vem e nem para onde vai (cf. Jo 3.8). Pois, no fim das contas, o que interessa não é tanto “para onde”, mas “com Quem” vamos. Vamos com o Espírito!

Jonathan

3 comentários:

André Moraes disse...

A Palavra de Deus diz que o Espírito Santo é nosso condutor, sendo assim, não somos nós que o acompanhamos, mas ele quem nos conduz.

O problema é que muitas vezes não paramos para refletir se estamos andando realmente na direção do Espírito.

Jonathan Menezes disse...

Caro André,
obrigado por sua visita e comentário. Você está certo, pouco paramos para refletir nisso, e para ouvir. Só não vejo diferença entre seguir e ser conduzido; acho que falamos a mesma coisa, com jogos de linguagem diferentes, não?
Jonathan

Um Bicho em envolução disse...

Ola Professor.
Estava procurando seu email mas não achei ( para falar do livro, lembra-lo) , mas foi bom por que acabei me atualizando em seu blog que , por causa dos afazeres , deixei de ler sempre.
Bacana pensar sobre a igreja, seu papel e o que ela realmente representa. Mesmo assustando a imagem a ser refletida é bem bacana.
Vou continuar a ler seu blog, é bem inspirador
.
Forte abraço

Saluto

Chalela