terça-feira, 9 de agosto de 2016

Gente grande


Boas notícias muitas vezes podem vir acompanhadas por más notícias; muitas vezes no mesmo dia ou até simultaneamente.
Diante disso, gente mimada tende a espernear e "ficar de mal" com a vida e com outras pessoas - e, convenhamos, alguns e algumas de nós ficamos "de mal" mesmo por pequenos infortúnios.
O problema é que, não sendo mais crianças, isso fica bem estranho, para não dizer ridículo.
Gente grande, porém, sabe que a vida é cheia dessas contradições e paradoxos; na verdade, gente assim já espera por isso, e tem coragem o bastante para lidar tanto com os benefícios quanto com os malefícios de existir e de "estar vivo".
E mais: gente grande sabe que, muitas vezes, ser grande significa saber "ser pequeno", passar por humilhações, enfrentar lutas, perder, frustar-se, cair, mas levantar e começar tudo de novo.
Ser gente (grande) é não temer começar de novo, quantas vezes for preciso; pois às vezes é tão mais confortável seguir do mesmo jeito, não é mesmo?
Porque em todo caminhar adiante há uma incerteza; em toda incerteza, uma oportunidade; e na oportunidade, o risco de acertar é proporcional ao de errar; em cada "mancada", no entanto, há uma chance de crescimento; e todo crescimento traz no bojo uma pitada de desconforto.
Ah, mas às vezes é tão mais simples seguir do mesmo jeito... ser infante pra sempre, quem dera... pudera!
Crescer dá trabalho, crescer traz responsabilidades irremediáveis. Mas também traz o benefício da sabedoria, o privilégio de poder viver e ver a vida com outros olhos, e quem sabe dar os ombros para que outros possam subir também.
O mundo precisa mais de gente grande, do tipo que não tem vergonha de ser apenas e tão somente "humana"...

Jonathan

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