terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Série: Eu, um narcisista?

A história de Narciso é bastante conhecida. Na mitologia grega, Narciso era um belo rapaz, que havia resignado-se de se entregar a ninfa Eco, que por sua vez desejava-o ardentemente. Assim sendo, ele recebeu como punição uma espécie de maldição, passando a adorar incontrolavelmente sua própria imagem refletida na água. A angústia de Narciso diante da insatisfação promovida por essa bizarra paixão, conduziu-o ao desespero de se suicidar por afogamento.

Os termos “narcisismo” e “narcisista” são popularmente utilizados como se referindo a uma pessoa extremamente vaidosa, egoísta ou orgulhosa. Sua versão em círculos acadêmicos recebeu, é claro, devido aprofundamento. Narcisismo seria mais do que simples (pela complexidade que o termo envolve) vaidade humana. Na psicanálise freudiana, narcisismo indica uma tendência libidinosa pela qual o indivíduo lida com seu corpo da mesma forma como lidaria com um objeto sexual, “contemplando-o, afagando-o e acariciando-o até obter satisfação completa através dessas atividades” (Miranda, Vieira Paulo & Cruz, 2009, p. 150).

Bem, a psicanálise oferece diferentes representações para o narcisismo, presente nas diversas condições da vida de uma pessoa, o que não me compete aqui nomear ou analisar*. Meu interesse é trazer um breve olhar sobre alguns possíveis reflexos de um tipo específico de narcisismo na espiritualidade cristã, a partir de um foco analítico em particular de matiz mais filosófica, que, por conseguinte, permitirá uma releitura teológica.

Jonathan

Nota

*Para fins de uma familiarização maior com o conceito em si e outras possibilidades de aplicação à espiritualidade cristã, sugiro a leitura do excelente artigo de Daniel Leite Guanaes de Miranda, Anna Christina Vieira Paulo e Simone Cabral da Cruz: “O narcisismo, a construção de laços sociais no século XXI e sua influência na espiritualidade evangélica contemporânea”, publicado na Revista Práxis Evangélica, número 15. Londrina: FTSA, 2009, p. 149-168.

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