quinta-feira, 25 de junho de 2009

Convertendo nossas ilusões através da oração

Vemos vez após vez nos Evangelhos como Jesus se retirava sozinho para orar, às vezes bem antes do amanhecer. Ao orar, Jesus se dava conta, cada vez mais, de que o Pai dos Céus era quem O enviara. Era Deus que lhe dava as palavras para dizer. Ele não requereu quaisquer “prêmios” de ministério; antes, simplesmente ouviu.

Só a oração nos permite ouvirmos outra voz, ser sensíveis a maiores possibilidades, encontrar um caminho para fora de nossa necessidade de ordem e controle. Então, as questões que parecem moldar a nossa identidade já não importam tanto: Quem diz coisas boas sobre mim? Quem não diz? Quem é meu amigo? E meu inimigo? Quantos gostam de mim? Quando fazemos de Deus o centro de nossa vida, a nossa percepção de quem somos dependerá menos do que os outros pensam ou falam de nós. Deixamos de ser prisioneiros do interpessoal.

De fato, orar mostra-nos como impedir o interpessoal de se tornar um ídolo. Orar faz lembrar-nos de que aprendemos a amar só porque vislumbramos ou percebemos um primeiro amor, um amor supremo. Aqui está o caminho do amor que transcende o interpessoal: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). Encontramos liberdade quando somos tocados por aquele primeiro amor, pois é aquele amor que nos arrebatará de nossa alienação e separação. É um amor que pode aquietar nossa compulsão por acumular bens e fazer de conta que podemos organizar o futuro. É o amor que nos permite amar os outros.

Orar torna-se, então, uma atitude que vê o mundo não como algo para ser possuído, mas como um presente que nos fala constantemente do Doador. Orar liberta-nos do sofrimento que vem da insistência em fazermos as coisas do nosso jeito. Orar abre o nosso coração para receber. E orar refresca-nos a memória para percebermos como outras pessoas revelam-nos o presente da vida. (...) De muitas maneiras, orar torna-se uma atitude perante a vida, de abrir-se para um presente que está sempre vindo. Criamos coragem para permitir que aconteçam coisas novas, coisas sobre as quais não temos controle, mas que agora se nos mostram menos ameaçadoras.

Henri J. M. Nouwen
(Texto extraído do livro Transforma Meu Pranto em Dança).

Um comentário:

Anônimo disse...

Jon,

Que maravilha, esse texto do Nouwen.

Obrigado, me tocou...

Continue o bom trabalho nesse espaco seu do "viritual netherworld".

Abracao,

Stuart