terça-feira, 2 de junho de 2009

Carta à minha comunidade

Queridos irmãos e irmãs,

Tem sido muito gratificante participar desse processo de "desenho" de nossa caminhada para adiante, que não é a mera nomeação e/ou criação de coisas como entretenimento, mas uma oportunidade real de dar "uma cara" para uma comunidade que é nova e que vem aprendendo, às duras penas talvez, mas com maturidade até aqui, com os erros do passado e algumas repetições deles no presente, bem como com os muitos (e superiores aos erros) acertos que temos tido, pela graça do Pai. É bonito ver que Deus tem nos moldado a cada dia de um modo muito peculiar, e nos incomodado a descobrir nosso papel como igreja no lugar em que Ele mesmo nos colocou, sem necessidade de comparações ou "inveja" de outros modelos.

Como uma comunidade pequena, ou uma "família", como temos dito, é muito mais comum a vivência calorosa de crises, problemas e demandas e de uma forma muito próxima, como vive mesmo uma família. Estamos muito mais sujeitos a ter de lidar com ciúmes, desentendimentos, chateações e mágoas que uma "mega-igreja", por exemplo, que já possui toda uma estrutura de funcionamento capaz de manter muitas pessoas à distância dos "problemas" que ocorrem nos bastidores, que, sabemos, todas elas têm. Nossa diferença é que não podemos esconder coisas nos bastidores, pois os bastidores são vividos por quase todos e cada um de nós explicitamente. Não vejo isso como demérito, mas como oportunidade de crescimento.

Respeito e até entendo aquelas pessoas que preferem o conforto morno e descomprometido de uma comunidade que te oferece tudo, ou às vezes do compromisso com algo já bem estruturado e organizado. Deus fala e age por meio deles também, eu creio. Mas se sempre me for dada a possibilidade de escolha, preferirei os calorosos braços da comunidade pequena e tudo o que a vida nela implica, pois sei que o ônus pode ser maior, mas o crescimento também o é, e as alegrias que certamente experimentamos por partilhar de um jeito peculiar de ser humano e de ser igreja, de um modo tão abençoadamente entrelaçado que nos envolve e nos convoca ao comprometimento, também o são.

Quero dizer que nossa comunidade não é e nem será o melhor lugar do mundo para estar por sua possível super-estrutura ou a proteção que pode nos ofertar dos "males" de ser-no-mundo, mas por ser uma realidade reveladora do que é o ser-no-mundo e o ser-em-Cristo, e uma grande porta para nos tornarmos, dia a pós dia, pessoas melhores, servos mais compassivos, mais sábios e abençoadores, mesmo através dos erros. As pessoas "lá fora" NÃO ESTÃO em busca de "supercrentes" como modelo (aliás, elas estão fartas deles), mas de "gente como a gente", cuja aproximação de Cristo nos faz ainda mais gente, porém uma gente redimida, mas inacabada e, por isso, em busca da plenitude.

A vida em família pode ser tão fascinante quanto é assustadora. E talvez o fascínio resida exatamente no fato de para onde corrermos lá estaremos, não há como fugir. Assim, por que não encarar, com honestidade, humildade, amor, temor e tremor? Tenho orgulho de fazer parte da Igreja do Caminho, e continuarei tendo, mesmo que Deus me conduza por outros "caminhos", longe dela, algum dia... é muito bom e gratificante ser parte daquilo em que claramente se vê a mão graciosa e amorosa do Pai!

Jonathan

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