segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Teologia e história

A teologia é um produto da história. Ela se faz na e a partir da história. Grande parte daquilo que se produziu no pensamento cristão foi resultado de um diálogo com os contextos históricos e as necessidades geradas a partir deles. Paulo, Agostinho, Aquino, Lutero, Calvino, Wesley, Barth, Bonhoeffer, e outros, foram teólogos e homens da igreja de seu tempo, e escreveram, fizeram história, porque ousaram responder teologicamente a seus contextos, de modo relevante e transformador. Quando separamos as duas coisas, teologia e história, tornamos o nosso fazer teológico um fazer estéril e irrelevante, por não responder aos anseios de um tempo específico e, em contrapartida, visar atender somente a uma demanda intrínseca ao campo teológico, aos bancos da academia.

Uma das queixas mais comuns em relação ao estudo da teologia é que ele não diz respeito à vida da igreja, tanto a comunitária como em sociedade. Grande parte das produções teológicas, é verdade, se limitam ao deleite literário e intelectual daqueles que circulam exclusivamente no âmbito das faculdades e seminários teológicos. Aquilo que pensamos, falamos e produzimos nesses meios, em geral, não tem sido direcionado à igreja em sua missão de servir e amar o mundo que Deus amou, isto é, não tem alimentado o ser e o fazer da igreja. Inútil abismo esse que se criou. As iniciativas que surgiram com a Reforma geraram, senão uma igreja mais próxima da teologia, talvez uma teologia que se passou a se ocupar mais com questões práticas envolvendo a vivência pastoral, a vivência dos leigos e as dinâmicas comunitárias. Os cânticos e a liturgia dos cultos, por exemplo, são a mais explícita expressão da teologia que se produz nas igrejas. E os teólogos(as) existem para equipar a igreja a fim de que nela se produzam cânticos e práticas litúrgicas que sejam equilibradas do ponto de vista bíblico-teológico, no que toca à razão de existir da igreja: a missão de adorar ao criador por atos e palavras.

Produzir uma teologia que seja intencionalmente colada à história é estar mais próximo da vontade do Deus que governa e é soberano sobre a história. De modo que a conexão entre ambas, não só é necessária, como inevitável, por mais que se tente omitir ou negar. A matéria-prima da teologia não é Deus, mas os seus atos, as formas pelas quais se revela, sua paixão intensa pelo ser humano e pela vida, e o cotidiano e vivência históricas; o Senhor se revela no mundo que criou com suas próprias mãos, de modo que, parafraseando John Stott, somos chamados a ouvir duas vezes: ouvir ao Espírito, e ouvir ao mundo. Escuta e sensibilidade ao Espírito e aos clamores externos: terá sido esse o “segredo” desses homens e mulheres que mudaram a história, fazendo e pensando teologicamente?

Jonathan

Um comentário:

Anônimo disse...

Faço história e gostei muito do texto pois nos convida a refletir sobre a responsabilidade que esta tem de influenciar os estudos teológicos.Porém,acredito que a teologia não se respalda muito na cientificidade da história,para fazer alusão a mera religiosidade,que choca-se com o racianal contido na disciplina.