domingo, 16 de novembro de 2008

Continuação do post anterior

É... mas não me parece que existe esse tipo de iniciativa de modo significativo, muito menos uma visão e comportamento alarmantes a respeito. Pelo contrário, ouvi de uma senhora a seguinte frase, que exemplifica bem certo comodismo que toma conta dessas congregações: “Nossas igrejas têm se mantido por gente mais velha sim. E não é de hoje. E quando essas morrerem, haverá outros velhos para dar continuidade, e assim a igreja vai sobrevivendo”. Outra expectativa que ouvi é a de que um dia esses jovens, que hoje estão distantes da igreja, irão voltar para ela, sem que haja um esforço em evangelizá-los. E (para completar o sonho perfeito) talvez sejam enterrados ali, como todo mundo nesse pequeno vilarejo de Freasland: no cemitério que fica no mesmo terreno que a igreja. Irônico, não?

Bem, não sou nenhum profeta do Apocalipse, nem estou aqui para julgar os holandeses. Muito menos, por outro lado, para dizer que igrejas cheias de jovens, cheias de gente, igrejas “avivadas”, desse ponto de vista mais genérico de avivamento (pra ser gentil), com louvorzão, palavras confortantes, uma série de programações diversificadas e atraentes, são igrejas mais vivas. Pelo contrário, uma das faces da “morte” do Evangelho em alguns contextos, como o brasileiro, está exatamente em algumas dessas igrejas evangélicas, que prestam mais desserviço que serviço ao reino.

A relação igreja-cemitério não é puramente estética ou numérica. Não tem a ver apenas com o provável esmorecimento de igrejas e a tendência tão grotesca quanto estranha de alguns em manter uma postura de platéia de seu próprio funeral. Mas também tem a ver com a ausência do sentido de igreja no sentido bíblico – povo de Deus, organismo vivo, agente do Reino, instrumento da Missão de Deus no mundo. Sem esse senso, perderemos não somente o fervor evangelístico, ou o desejo de que o Evangelho seja relevante a nossa geração, mas fundamentalmente a percepção de somos igreja para os outros, e não para nós mesmos.
O movimento umbilical (em torno de nossos próprios umbigos), que pode se expressar tanto num comodismo morno, quanto num fervor superficial, é anti-Evangelho e anti-Deus, por assim dizer. Eu, porém, luto todos os dias, até contra mim mesmo, para ter o anti-umbilical... Bem, às vezes eu consigo, e só pela graça.

Jonathan
(Foto: Outra perspectiva da igreja e do cemitério)

3 comentários:

Anônimo disse...

Querido Jonathan, estou muito feliz e cada vez mais encantado com o seu blog...incrível ver que através de seus textos espirituais, me encontro perfeitamente e aprendo muito com Henri Nouwen!
Fernando Tenório (Maceió- Al)
fernandotenorio11@hotmail.com

Jonathan Menezes disse...

Olá Fernando,
prazer em saber que meus escritos te ajudam de alguma forma e que temos gostos em comum, como os textos do Nouwen...Valeu!
Abraços,
Jonathan

André Decotelli disse...

Fala meu mano...cadê os posts novos? Venho sempre aqui para ler suas transgressões literárias...