sábado, 11 de julho de 2009

A vida: incomensurável dádiva (II)

Certa vez, Jesus convocou (chamou a atenção) a multidão que estava ao seu redor, bem como aos seus discípulos, e perguntou: “Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria o homem em troca de sua alma” (Mc 8.36-37).

Isso depois de redesenhar para seus (possíveis) seguidores o significado de perda e de ganho, pelo prisma e ao sabor do Evangelho. A palavra “alma”, do grego psyché, pode ser entendida como a própria vida, sopro de vida, essência vital. Jesus está perguntando: há algo nesse mundo que pode ser barganhado ou negociado em troca dela? Existe alguma coisa mais valiosa que a própria vida?

Fiquei pensando: a história de Jesus é a história de um Deus que insiste em amar e apreciar a minha a e a sua vida, de um modo tão infindo ao ponto de entregar a sua própria para que pudéssemos entender e experimentar o que é viver intensamente. E ele mesmo havia dito antes: “Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles” (Jo 15.13).

A vida, então, só encontra valor equivalente no ato de quem se entrega pela preservação da mesma vida; só a vida pode gerar mais vida, só a vida tem igual valor.

Se você, como eu, fez aquela pergunta do começo, não entenda isso como o fim da linha, mas a perceba como uma honesta e singela oportunidade de recomeço – e quantas vezes precisamos aprender a recomeçar, não é mesmo? A vida é muito mais do que se pode ganhar. Ela pode estar passando, agora mesmo, diante do seu nariz, e você assistindo de camarote, ocupado demais para perceber o que está perdendo, pois, quem sabe, já perdeu o verdadeiro sentido de “ganhar”.

É complexo, mas é simples: valorize a vida que pulsa em você e além de você. Abrace bem forte quem você ama, diga a ela ou a ele o quanto representa em sua caminhada; não perca mais as chances que Deus te dá de querer bem as pessoas ao seu redor, amando-as “como se não houvesse amanhã” (Renato Russo), e aceitando-as como elas são. Não puxe, não pressione, não force... Respeite o processo e ritmo das pessoas.

E peça ao Senhor que te dê sabedoria para aprender a curtir melhor a vida que Ele te deu. Lembre-se: a vida não é posse, a vida é dádiva! Que possamos escolher, e tornar a escolher, e de novo reaprender a escolher, a vida...

Jonathan

4 comentários:

Claudia disse...

nossaaaaaaa vc sauvou minha vida hoje. obg

Jonathan Menezes disse...

E você o meu dia, com esse comentário! Obrigado, Deus te abençoe!

Lelis disse...

Oi Jonathan! Gostei muito do seu artigo. É antigo porém a mensagem é extremamente presente e futuro. Sempre haverá esse sentimento sobre a vida.
Eu atualmente estou lutando contra a depressão e o TOC. Ontem argumentei isso: a vida está sem graça. Eu já realizei tudo que gostaria e sonhei: faculdade, trabalhei nas empresas q sempre sonhei, já experimentei riqueza e pobreza. Não tenho 30 anos ainda mas me sinto com 80. Tipo: oq fazer da vida agora? Eu não quero ter sonhos mais pois me é mto frustrante a não realização deles. Um deles é casamento. Desisti de sonhar com isso e acho q não é a vontade de Deus que eu case. Então, digo que já realizei oq tinha de realizar na vida. E agora, faço oq? Viver oq e como se tudo é pecado hj em dia?

Jonathan Menezes disse...

Oi Lelis,

Não vou dizer para você não desistir de seus sonhos, isso é muito clichê e não ajuda ninguém de verdade. Só acho que deixar de sonhar por medo da frustração da não realização é se privar da própria vida, que é feita disso, de algumas realizações - como as que você menciona ter alcançado - e outras tantas decepções. Sobre a vontade de Deus para você não posso dizer muita coisa, pois estou vivendo um dia de cada vez esperando que Deus me oriente a tomar as decisões certas, o que nem sempre eu faço. Será que Deus tem mesmo uma vontade bem específica como essa para mim: casar ou não casar? Tenho dificuldade de pensar assim. Creio que Ele nos dá a chance de escolher e, se nossa escolha for errada, de alguma maneira, por sua graça e na dependência Dele, a gente se recupera e aprende (se quiser); se a escolha for boa, honrar a Deus e a própria vida, a benção Dele nos acompanha. De uma maneira ou de outra, a mão dele não nos deixa, se agindo bem ou mal, há sempre a possibilidade de arrependimento e retorno para casa. Quem determina o que é ou não pecado em sua vida não são as pessoas, é Deus em sua Palavra, e um exame pessoal de consciência diante Dela e, se possível, em confissão com pessoas amadas e que amam sem julgar. Não acredite em tudo o que dizem, nem se deixe culpar por todo tipo de fardo que te tentam impor. A vida já é cheia deles. E Jesus disse que o fardo dele é leve, e que seu jugo é suave, e que ele sempre estaria disposto a nos ajudar a aliviar nossas próprias cargas. O que importa é que Deus sabe quem você é, te conhece melhor que ninguém, e acima de tudo te chama de filha amada. É a essa voz que você precisa tentar aprender a ouvir com mais frequência, e menos aquelas que te desviam dela e te fazem sentir assim, menos gente, menos convidada para a festa de amor do Pai e para uma vida abundante.

Abraço fraterno,
Jonathan