
O cristianismo originalmente constituiu-se como uma religião dos escravos, porém libertos e absolvidos pelo sangue de Jesus Cristo. Posteriormente, em grande parte, não foi capaz de se proteger do fermento sórdido e burocratizante dos fariseus – praga que sempre existiu e existirá na religião; lobos disfarçados de cordeiros, que colocam fardos pesados sobre os ombros dos mais fracos, sem poder, eles mesmos, movê-los. É um tipo de gente amarga, que não pratica o que prega e ainda faz tudo para preservar o mérito e alcançar reconhecimento. Celebram os atos dos que mercadejam a palavra de Deus e que fazem tudo em seu nome (até guerra), porém rejeitam e assassinam seus profetas, junto com aqueles que não se acomodam com suas indulgências legalistas e nem vendem a mensagem de seu mestre por míseras 30 moedas de prata, como fez o “discípulo” Judas Iscariotes.
O canto de Mateus 23 é do tipo que Jesus entoava. O canto de liberdade do Evangelho, não é apenas um canto de paz interior (“pois paz sem voz não é paz, é medo” – O Rappa), de harmonia ou de alívio pela quebra das algemas, mas é também um canto de protesto e de repulsa ao sistema e à ordem vigente, se esses se fazem opressores. O canto da liberdade é o canto da subversão, do inconformismo e da ira santa. Só pode cantá-lo quem não desistiu da utopia possível do Reino, mesmo que isso custe o renunciar à própria existência. É o canto daqueles que celebram a vida e resistem às forças dominadoras da morte. É o grito de coragem e desespero (como o que foi dado por Cristo na cruz – “Por que me desamparaste?”), de quem tem pouca ou nenhuma chance de vencer historicamente falando, mas que não tem mais nada a perder, porque, em Cristo, tudo perdeu e também tudo já lucrou. Abaixo à escravidão! Viva a liberdade!
Jonathan
Um comentário:
gostei do seu blog, parabens
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