Há uma semana atrás partiu o pai de meu irmão Raoni, Joaquim Borges Pinto, a quem também considero um pai "por tabela". O texto abaixo é a transcrição das singelas palavras que tive o privilégio de deixar à família e amigos por ocasião da cerimônia fúnebre. Na mesma cerimônia, um amigo também leu um texto escrito pelo próprio Joaquim há alguns anos atrás. Ele demonstra não só sua criatividade, mas também seu exemplo de companheirismo e como semeador de esperança. O texto se encontra no post logo abaixo deste.
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“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro’. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8.35-39).
Sempre acreditei, contra todas as falsas expectativas e os falsos sentimentos, que o AMOR é a mais sublime e necessária de todas as virtudes, marca indelével da imagem de Deus em nós... Não porque seja um sentimento, mas porque é e se traduz em ação! Ação que nunca julga se é justo ou injusto pagar, com a própria vida se preciso for, para que outros vivam. Por isso o amor é permeado pela dor e a incompreensão. Que razão, por mais arguta que seja, consegue compreender o amor?
Jesus foi essa pessoa... permeado de incompreensão, de dor, de amor – e por isso da maior alegria! A alegria que nada pode arrancar, pois não depende das circunstâncias. Por seu exemplo podemos hoje dizer, crer, esperançar: a morte não é o fim, é o começo! Nada pode nos separar do seu amor!
Joaquim, de modo prático, entendeu isso... Ele apreciou mais a vida do próximo do que a sua própria, e isso num mundo onde grande parte de nós preocupa-se apenas consigo mesma e faz disso a coisa mais importante da vida. Ora, foi o próprio Jesus quem disse: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15.13).
“Perdemos um grande cara”, como disse o Ceará ontem nos corredores... É verdade. Mas o céu ganha também um grande cara, que orgulhou o Pai, deixando um exemplo lindo de integridade a muita gente...
Para muitos, a morte é o fim da produtividade. Eu, porém, creio que isso pode ser exatamente o contrário. Jesus também disse que “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (João 12.24). E vejam que o significado pleno da vida e obra de Jesus só veio à tona após sua morte.
A morte não é o fim... Ela pode ser o início da fecundidade. Por isso quero viver na perspectiva de ser um semeador, para que um dia, quando o Senhor me levar, minhas sementes possam continuar florescendo e frutificando a 10, 100, 1000 nas vidas de outras pessoas... Isso muda um tanto nossa perspectiva, não é mesmo?
Henri Nouwen, um dos maiores exemplos recentes disso, foi quem disse: “Todos os homens e mulheres verdadeiramente sublimes que moldaram nossa maneira de pensar e agir produziram frutos que eles mesmos não puderam ver ou prever”.
Creio que todos aqui concordam que o Joaquim foi um desses seres humanos sublimes... Seus frutos ainda permanecerão por muito tempo nas vidas daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e de conviver com ele: família, amigos, companheiros de luta, gente que ele ajudou...
O amor é mesmo mais forte que a morte, vocês não acham?
E que Deus possa consolar e dar esperança aqueles que ficam, para seguirem suas vidas longe da mediocridade, marcados pelo exemplo de luta, coragem e altruísmo deixado pelo nosso amado companheiro Joaquim!
Fraternalmente,
Jonathan
Jonathan
2 comentários:
Jon
Muito legal sua reflexão, lamentei não estar presente.
Valeu bichão.
PC
Fala mano, quero te dizer que este texto abençoou a minha vida nesse momento!
Palavras inspirativas...somos semente! Lembro de vários mártires, que como se diz, foram semente para o evangelho. Temos que aprender a ser semente...
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