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Confesso que se olhasse para a capa do livro e para o fato de ter sido o primeiro lugar na lista dos mais vendidos do New York Times, não teria nem me interessado pela obra. O fato de ser um best-seller, mais depõe contra do que a favor de uma obra, de acordo com minha forma genérica de apreciação. Mas como foi uma indicação de um amigo, resolvi comprar e ler. E que grande aventura foi, para mim, a leitura dessa obra. Primeiro, pela maneira tocante e talentosa como o autor consegue escrever o enredo desse livro, prendendo sua atenção desde as primeiras páginas até as últimas. Segundo, por conseguir unir de forma tão competente o enredo e a reflexão, a ficção e a realidade, situações do cotidiano e a teologia, e por fazer perguntas que todos gostaríamos de fazer a Deus numa situação como a de Mack, mas que nem sempre temos coragem de fazer. Perguntas honestas a um Deus honesto.
Com essa fórmula eficaz, Young procura chamar atenção de seus leitores para uma imagem não-convencional de Deus; um Deus que não impede o sofrimento, mas sofre junto; um Deus que não está lá, em cima, distante, mas um Deus eterno-aqui-presente; um Deus que, em Jesus, “arregaçou as mangas” e “entrou no meio da bagunça”. Um Deus que se identificou com a humanidade, ao passo que se pode ver não Deus-na-humanidade, mas a humanidade-em-Deus: “Quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos” (p. 89). Um Deus criador que, por amor, escolheu se limitar e perder, para honrar e facilitar o relacionamento com suas criaturas. Um Deus que não interfere deliberadamente nas escolhas e na liberdade de suas criaturas, mas que respeita o estágio em que cada um de nós se encontra, pois “a liberdade é um processo de crescimento” (p. 85); ao mesmo tempo em que já foi conquistada – “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1) – ainda continua sendo conquistada à medida que aceitamos nossa “vocação para a liberdade”, o chamado de vivenciá-la pela graça, passo a passo, todos os dias. Como diz “Jesus”, em uma de suas ricas conversas com Mack:
“A religião usa a lei para ganhar força e controlar as pessoas de que precisa para sobreviver. Eu, ao contrário, dou a capacidade de reagir e sua reação é estar livre para amar e servir em todas as situações. Por isso, cada momento é diferente, único e maravilhoso. Como sou sua capacidade de reagir livremente, tenho de estar presente em vocês. Se eu simplesmente lhes desse uma responsabilidade, não teria de estar com vocês. A responsabilidade seria uma tarefa a realizar, uma obrigação a cumprir, algo para vencer ou fracassar”.
(William P. Young. A Cabana. Sextante: 2008, p. 191).
Tenho recomendado essa obra para quem posso. Recomendo a vocês, leitoras e leitores desse blog. Que tal começar o ano com “A Cabana”? Desejo que essa história possa enriquecer sua caminhada, ao lado das histórias de Jesus e da Bíblia.
Jonathan
3 comentários:
Postei sobre o livro na semana passada no meu blog tbm...mto bom! Superou minhas expectativas...principalmente as de ser mais um auto-ajuda!
Que engraçado...eu tive EXATAMENTE as mesmas "relutâncias" em ler o livro...se não fosse minha irmã insistir eu teria sido privada do melhor livro que li em 2008 e honestamente, estou na expectativa por algo que seja capaz de me tocar tão fundo este ano. Ah, propósito, causei uma polêmica enorme ao sair indicando o livro por aí...tem gente "cristã" dizendo que sou herege...rsrsrs
Você não foi confrontado nenhuma vez?
Um abraço, e muito bacana seu blog!
Polliana
http://minsk7.blogspot.com/
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