Dentre os pontos que me chamaram a atenção, está a inquietude de alguns dos presentes, já no segundo dia do evento, que parecia ter a ver com um “problema de ênfase” das palestras: mais história, menos desafios; mais teoria, menos prática – questão que ficou “mal-resolvida” até o fim da consulta.
Sobre isso, serei direto: precisamos ser criteriosos até mesmo com nossas inquietações, colocando-as a prova o tempo todo, para que não reforcemos na prática o vício histórico que, no discurso, desejamos combater. Assim, é óbvio, mas não custa relembrar:
Teoria e Prática são dimensões indissociáveis de uma vivência holística da missão.
A teoria alimenta e orienta a prática. Esta, por sua vez, oxigena e reinventa a teoria, podendo provocar reciclagens mútuas, sempre que necessário. A suposta superabundância de uma em detrimento da outra não justifica uma reação igualmente uniformizante. A melhor reação é sempre aquela que busca a reconciliação e o equilíbrio (tão distante de nós). Em outras palavras, precisamos voltar a estimular a articulação dinâmica entre teoria e prática (a que chamamos “práxis”) em nosso fazer teológico – o que inclui reinventar-se ao ponto de não mais reproduzir fórmulas viciadas e pouco efetivas, como alguns entenderam ter sido a do encontro mencionado. Desse modo, tal fazer poderá não mais estar dissociado e, sim, provocar, tanto quanto resultar em, uma vivência da missão da igreja adequada ao seu contexto, tempo e necessidades. Já não é chegada a hora de avançar?
Avançar, nesse sentido, implica em: (1) olhar para frente sem, porém, ignorar o edifício histórico que nos precede, e (2) aprender a valorizar e a criar espaços em que fluam livremente tanto a reflexão quanto as ações participativas. Precisamos, ainda que como quem “cutuca um vespeiro”, questionar os monopólios e “lugares comuns” da missão integral, e dar um “viva” receptivo ao diálogo e à diversidade, características que marcaram, ainda que parcialmente, a caminhada histórica da FTL até aqui.
Jonathan
2 comentários:
Oi Jonathan, estive lá também, e gostei muito
Abraços
Caro Jonathan,
Esta foi exatamente minha maior inquietação na consulta.
A teologia da Missão Integral não é assim chamada, em parte, porque combate as dicotomias gratuitas? Se sim, então devemos ter o cuidado para não criar novas dicotomias, em nome de uma "teologia contextualizada". Não acha?
Abraço!
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