Toda vez que escuto essa música de Stênio Marcius, “Senhor do tempo”, fico tremendamente tocado, e sempre me pergunto: por quê? E a resposta mais sincera que me vem ao coração é: porque, tal qual o filho pródigo mais velho, posso estar na casa do Pai, fazendo tudo do jeito mais correto, mas tão distante de um relacionamento vivo com Ele. Então, percebo que, de alguma maneira, preciso voltar...
Uma história de retorno do Evangelho de Lucas (não a dos Filhos Pródigos) me lembra isso. Em Lucas 24, os dois discípulos voltam pra casa, cabisbaixos, comentando os ocorridos, os fatos do momento. Aquela talvez tenha sido a maior frustração de suas vidas. Tente se imaginar no lugar deles. A esperança dos dois e de tantos outros, aparentemente, havia se esvaído e de uma forma cruel e vil, num madeiro, lugar dos malditos.
É como se tudo o que até então havia servido de alicerce desmoronasse. Isso já aconteceu com você? A sensação poderia ser descrita como a música da Maísa: “Meu mundo caiu!”
E é nesse momento que o próprio Jesus vem ao encontro deles. E o texto diz que eles não o puderam reconhecer, pois os olhos deles “estavam como que fechados” (24.16). Mas Cristo se põe a caminhar ao lado deles, como um estranho-presente. E o estranho faz perguntas, demonstra-se interessado no que se passava na vida deles naquele instante. Só que a percepção inicial é de que ele não passava de um caminhante qualquer, e muito esquisito por sinal, pois parecia ser o único em Jerusalém que demonstrara ignorância (proposital, no caso de Jesus) acerca dos fatos que haviam ocorrido...
Assim, a sensação é de que ele era mesmo um estranho; tão perto deles fisicamente, e ao mesmo tempo tão distante pra poder entender o que eles vinham sentindo. E não é assim que ele nos parece muitas vezes? Misterioso, estranho, às vezes calado, mas, ainda assim, presente! Ora, ele mesmo não prometeu que assim seria, quando disse que o Pai enviaria um “outro amigo”, o Espírito consolador, e que, desse modo, ele estaria com a gente até a consumação dos séculos? Precisamos agora aprender a reconhecer a presença de Jesus em sua ausência física.
Então, eu realmente preciso voltar... Voltar a enxergar o Jesus vivo, quando na mente tenho apenas o Jesus morto; voltar a sonhar os sonhos de Deus e ser encharcado por sua esperança, quando os fatos e circunstâncias da vida me aterrorizam ao ponto de me cegar e me paralisar; e, por fim, deixar que meu coração volte a arder por Jesus e pelo evangelho como um dia já ardeu, quando menino, por tantas vezes me emocionei com as histórias que minha avó me contava sobre o tremendo amor desse Jesus pelo mundo, e pela aliança que ele desejava fazer especialmente comigo.
“Que estranha distância agora... Senhor, lembra do menino que eu fui outrora... Deixa-me ver novamente o meu nome, escrito nas santas mãos do Senhor do tempo” [Stênio Marcius].
Voltemos ao primeiro amor...
Jonathan