
Eis um dos espinhos lançados por martelo contra a planta do esclarecimento: o espinho da mudança. Toda a argumentação da planta do esclarecimento girava em torno de um ideal de flor (de sujeito), que seria a flor do esclarecimento. Essa flor, pelo uso correto de sua seiva, e pelo bom manuseamento da devida organização, poderia chegar até a árvore do conhecimento, que lhe entrega nas mãos as chaves do jardim e, por sua vez, o conhecimento da verdade.
Martelo, em resposta, desbanca todo esse papo de flor ideal e verdade como sendo uma grande terrível mentira. A diferença, para essa rosa, entre a beleza e a organização era de que a primeira mente, sem esconder que mente; já a segunda, também mente, mas chama a sua mentira de verdade.
Dessa maneira, Martelo irá atacar a noção de verdade como sendo o mais mentiroso artifício criado pela Física do andar superior, que, num primeiro momento, havia sido aniquilada pela denúncia ao desejo de levar as plantas até o Deus Girassol, mas que, num segundo momento, declarara sua independência deste, por meio do domínio da seiva poderosa, que por sua vez fora transformada também num deus. A grande martelada nessa física, bem como nas pretensões da planta do esclarecimento, foi o lançamento do mais afiado espinho: a declaração de morte ao Deus Girassol, que na verdade era uma declaração de morte aos fundamentos do solo, como sendo enganosos.
Assim, a verdade pretendida, nada mais era do que um monte de folhas e galhos que caem da árvore do conhecimento, cada uma fragmentária e contendo apenas uma parte da realidade expressa por essa árvore. E a noção de flor – essa independente e verdadeira – seria apenas uma ficção criada pela planta do esclarecimento para reforçar sua pretensão ao absoluto.
O solo do jardim entra em erosão... Nada foi igual após o brotar da rosa martelo e seus muitos espinhos. A própria idéia de jardim seria transformada com as posteriores mudanças no solo. Nada é cíclico, nada se repete, tudo se transforma - já vi essa idéia em algum lugar! O solo é mudança, e o jardim, metamorfose ambulante.
Jonathan
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