
Nós fizemos um pacto com os conceitos. Eles nasceram para dar conta do mundo, para ser uma designação fiel das coisas às quais eles remetem. Se digo, por exemplo, “Deus”, o dizer em si já remete à entidade a qual desejo designar. Parte-se do pressuposto da correspondência entre a palavra e a coisa em si; o conceito é igualado à realidade que ele tenta descrever.
Rob Bell[1] disse o seguinte: “Nossas palavras não são absolutas. Apenas Deus é absoluto, e Deus não tem a intenção de partilhar seu absolutismo com ninguém, especialmente palavras que as pessoas usam para falar sobre Ele. E isso é uma das coisas com a qual pessoas têm se debatido desde o princípio: Deus é maior que nossas palavras, cérebros, cosmovisões e nossas imaginações”.
Bem, tudo isso para dizer que eu não tenho uma de-finição. Mas, vamos chegar lá (ou não)...
Quem fala em “pós” está querendo dividir algo. Se uma coisa é X, e outra que vem depois de X mais ainda não tem por certo o que é, então ela é designada provisoriamente como pós-X. Então o prefixo da palavra pós-modernidade, indica que estamos falando de um fenômeno que desponta como transbordamento de algo; vai além, no caso, da modernidade.
Segundo François Lyotard[2], simplificando ao extremo, o pós-moderno se define pela “incredulidade em relação aos metarrelatos” – grandes relatos que buscam uma explicação universal (única) e correspondente à realidade. Exemplo de metanarrativa: "minha linguagem (conceito) dá conta da realidade que pretendo descrever"; ou, "há coincidência entre a capacidade (o que eu posso chegar a fazer) e o desejo (o que eu quero que seja feito)".
O moderno pode ser descrito por aquele que crês nessas correspondências e o pós-moderno como aquele que desconfia, abandona ou descrê na possibilidade de coerência plena entre elas. Uma sociedade é moderna, segundo Zygmunt Bauman[3], “na medida em que tenta, sem cessar mas em vão, ‘abarcar o inabarcável’, substituir diversidade por uniformidade, por ordem coerente e transparente”.
Hoje, minha aproximação com a pós-modernidade, ainda que em construção e provisória, é menos preconceituosa e mais generosa – no sentido de tentar ouvir mais atentamente o que está em questão, já que ela não possui uma só voz, mas várias. Continuemos interpretando os "sinais"...
Jonathan
Notas
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