O amor, a gratidão e a generosidade, bem como o sofrimento e a contingência têm múltiplas faces. E se Deus se faz presente na realidade, na história das pessoas a quem Ele ama, então posso ver Deus através das múltiplas faces de meus irmãos e irmãs humanos, parceiros de caminhada neste mundo.
Lembremos das palavras de Jesus: “Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me... Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.35,40). Isso não é instigante?
Sinto uma grande alegria e profunda gratidão a Deus por ter me oportunizado passar esse tempo curto, mas tão agradável em Maputo. Ouvi tantas histórias diferentes da minha, contadas e expressas nos olhos de meus agora amigos moçambicanos.
Grandes coisas pude aprender com eles e creio que eles comigo. Fico feliz em ter podido experimentar a hospitalidade moçambicana, e receber um pouco do amor e cuidado de Deus por meio desses amados Dele, que vivem geograficamente tão distantes do lugar onde eu vivo. Uma vez mais o Senhor me mostrou que ele se revela no outro, e através do outro me convida para um relacionamento vivo e dinâmico, dentro de uma trajetória cheia de surpresas e experiências enriquecedoras.
Durante a viagem, comecei a ler o livro “Gracias: a Latin American journal”, de Henri Nouwen, onde ele relata sua experiência de seis meses na América Latina. A questão principal em torno da qual gravitam tais relatos é vocacional: “Deus tem me chamado para viver e trabalhar na América Latina nos anos seguintes?”. Chama-me a atenção essa busca sincera do autor por entender sua vocação e a vontade de Deus naquele exato momento, deixando fluir suas dúvidas e convicções, misturadas com a confiança de que o Senhor o guiaria no instante exato, como o fez.
É precisamente essa convicção que tem me movido nesses dias a entregar meus caminhos e algumas idéias incertas que tenho a respeito dele a Deus, e permitir que Ele guie meus passos, instigando-me a pensar, investigar, decidir e, ao mesmo tempo, reconhecer meus limites e, assim, estar aberto às possibilidades que me esperam à porta adiante. Essa é a maravilhosa e assustadora fascinação de viver na dependência de Deus, aprendendo a apreciar, como diz meu amigo Marcos Monteiro, caminhos belos e imprevisíveis...
Gracias Senõr!
Jonathan