MENEZES, Jonathan M. As Metamorfoses do Sagrado no Protestantismo Brasileiro: o caso da Igreja Presbiteriana Independente Filadélfia. Londrina (1972-2008). Londrina: UEL, 2009. 183p. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em História Social) – Centro de Ciências e Letras Humanas da Universidade Estadual de Londrina. Departamento de História.
O estudo do protestantismo é algo que tem fascinado a muitos pesquisadores nos últimos anos. A multiplicidade que o constitui, as combinações que ele engloba e as metamorfoses pelas quais tem passado são o cerne temático dessa dissertação. Com a finalidade de contribuir com as pesquisas vigentes no campo da história das religiões e religiosidades, esse trabalho visa estudar as metamorfoses do sagrado no protestantismo brasileiro, a partir do caso da Igreja Presbiteriana Independente Filadélfia, em Londrina. Para tanto, articulado teórica e metodologicamente com o pensamento de Michel de Certeau, e com as noções de prática e experiência, empreendeu-se uma investigação que combinou diferentes fontes: orais – entrevistas com líderes e membros da IPI Filadélfia e outras pessoas direta ou indiretamente envolvidas nos processos analisados – e escritas, quais sejam, documentos próprios da igreja e outros produzidos por líderes e teólogos da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, seja em âmbito institucional ou de caráter mais acadêmico. Constata-se, a partir desse caso, que o tema do “avivamento”, que gerou crises e divisões na IPI na década de 1970, é um assunto recorrente na história da IPI Filadélfia, e que reapareceu de modos diferentes em diferentes períodos, mudando perspectivas, gerando metamorfoses. Postulou-se que o sagrado que se manifesta nesse âmbito não é fruto de mera repetição de modelos, mas de recriações, reinvenções da tradição, a partir da experiência singular de fé das pessoas em seus contextos particulares de vida. Em virtude disso, tanto nos discursos como nas práticas religiosas ocorreram rupturas, que ora penderam para uma flexibilização, ora para um reforço de trincheiras religiosas. Metamorfoses do sagrado se constitui, portanto, em um emblema de posturas e práticas que ora combinam, ora repelem elementos díspares e que revela as fissuras e inversões do pensável contidas no hiato engendrado numa comunidade de praticantes entre a fé representada e a fé experimentada.
Palavras-chave: Igreja Presbiteriana Independente Filadélfia; avivamento; protestantismo; metamorfoses do sagrado; práticas; experiência; tradição.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
O espetáculo da busca
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Em respeito aos tristes (por Ricardo Gondim)
Essa minha índole quieta não me importuna, mas eu percebo que ela causa alguns constrangimentos na comunidade evangélica. Poucas vezes escrevi textos cinzentos, mas logo fui docemente aconselhado a não repetir tal deslize. Avisaram-me que os crentes não estão preparados para lidar com a tristeza. E que as pessoas gostam de artigos otimistas. Realmente! O movimento evangélico se alastrou no final do século XIX, num tempo em que se respirava um clima de grande otimismo. Acreditava-se que em poucos anos, evangelistas, missionários e pastores converteriam o mundo, antecipando o iminente reino milenar de Cristo. Nosso berço foi embalado com a promessa de que seríamos a “última geração antes do arrebatamento”. Nascemos num clima de euforia. Portanto, não toleramos qualquer mensagem que revele um jeito menos bem-sucedido de encarar a vida.
Sinto-me censurado quando exponho meus sentimentos contaminados de uma vaga e doce tristeza. Sentimentos que, a bem da verdade, me comprazem e me conduzem à meditação. Mas como explicar isso para minha geração? Fico sem saída, pois não quero só escrever textos sobre como me sinto campeão; recuso teatralizar minha solidez e não quero enganar sobre minha santidade.
Em diversas ocasiões tenho a sensação de que estou só entre gigantes da fé. Haveria mais gente como eu? Sei que existem profetas, poetas e santos que também convivem com o desalento. Celebro a honestidade de todos os que, corajosamente, detectam sentimentos menos brilhosos e, iguais a mim, não se sentem culpados.
Ditosos os que choram, pois reconhecem que a vida não é composta só de luzes. Quem busca apenas o riso, querendo perenizar o prazer, cairá no profundo abismo do desencanto. Só os tristes sabem os segredos das noites sem lua e que algumas dimensões nobilíssimas da nossa humanidade somente se expressam em corredores de morte. Grandes são todos os que permanecem em pé mesmo quando não há luz nenhuma.
Ditosos os que entram em contato com suas angústias. Os que ocultam suas inquietações com frases e clichês religiosos se condenam à superficialidade. Não existe tese religiosa que consiga se impor com mais força que a própria vida. De nada vale repetir slogans que prometem um mundo cor-de-rosa. Mais cedo ou mais tarde virá a tempestade que assola a casa. Ventos contrários varrerão projetos cautelosos e, quem não edificar sua vida na verdade, ruirá implacavelmente.
Ditosos os que não se consideram emocionalmente incólumes. Eles sabem que ninguém possui controle direto sobre suas emoções e reconhecem, inclusive, que serão traídos pelos incidentes do cotidiano. Eles vão até o fundo do poço e não se sentem fracassados, pois sabem que tanto alegrias como tristezas são passageiras.
Ditosos os que admitem suas depressões. Eles não tentam sublimar as inquietações com ativismos. Sofrimento é a única dimensão da vida comum a todos os homens e mulheres. Quem tenta blindar-se das tristezas precisa também se proteger da alegria. Fugir do sofrimento significa amortecer a felicidade.
Ditosos os que podem lamentar em público. Eles não precisam de sorrisos plásticos, de discursos demagógicos ou da arrogância religiosa, pois se sentem acolhidos em sua honestidade. Eles sabem que não serão apedrejados quando se mostram frágeis, porque vivem entre amigos verdadeiros.
Ditosos os que se parecem com Jesus de Nazaré. Ele nunca mentiu sobre sua angústia ou solidão. No jardim, afirmou: “Minha alma está triste até a morte”. Na cruz bradou: “Pai, por que me desamparaste?”. Mesmo depois desses desabafos, Deus lhe deu um nome que está acima de todo nome. Se o Filho Unigênito pôde falar assim, ninguém deve temer revelar o tamanho de sua vulnerabilidade.
Soli Deo Gloria.
(Artigo extraído de: www.revistaenfoque.com.br)
terça-feira, 14 de abril de 2009
A atitude fundamentalista e suas consequências
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Teologia: diversão e aprendizado
terça-feira, 7 de abril de 2009
As tradições, o Evangelho (Final)
“Quanto mais crescemos no Espírito de Jesus Cristo, mais pobres nos tornamos – e mais percebemos que tudo nesta vida é um presente. A tonalidade fundamental da nossa vida passa a ser ação de graças humilde e jubilosa. A consciência da nossa pobreza e de nossa inépcia leva-nos a regozijar-nos na dádiva de termos sido chamados das trevas para a maravilhosa luz e transportados ao Reino do amado Filho de Deus. O homem ou a mulher pobres escrevem ao Senhor nove cartas que dizem: ‘Bom é’. Numa conversa, o discípulo que é verdadeiramente pobre no espírito sempre deixa a outra pessoa com a sensação de que a vida do discípulo foi enriquecida por ter conversado com ela. Não se trata de falsa modéstia nem de humildade fingida. A vida dele ou dela foi de fato agraciada e enriquecida. Ele não é apenas escapamento, sem abertura para a entrada de fora. Ele não se impõe aos outros. A pobreza espiritual dela a capacita a adentrar o mundo do outro mesmo quando não é capaz de identificar-se com esse mundo – por exemplo o mundo das drogas, o universo gay. Os pobres de espírito são as menos condenatórias das pessoas; convivem bem com pecadores. O homem ou a mulher pobres do evangelho reconciliaram-se com sua existência falha. Estão conscientes de sua falta de inteireza, sua incompletude, o simples fato de não apresentam de forma alguma os requisitos necessários. Embora não apresentem desculpa para o seu pecado, estão humildemente conscientes de que o pecado é precisamente o que os levou a se atirarem à mercê do Pai. Eles não fingem ser mais do que são: pecadores salvos pela graça”.(Brennan Manning. O Evangelho Maltrapilho. São Paulo: Mundo Cristão, 2005, p. 81-82).
sexta-feira, 3 de abril de 2009
As tradições, o Evangelho (II)
1) Tradições são preceitos de homens, enquanto o evangelho significa boas novas de Deus para o mundo.
2) A tradição se apega mais a rituais, doutrinas bem elaboradas e fechadas, e a uma moralidade exterior (como a de não lavar as mãos antes de comer), enquanto o evangelho quebra convenções religiosas, paradigmas, tradições e gera vida, concerne à vida, ao ser humano integral.
3) A tradição exige que a pessoa mantenha uma exterioridade limpa, polida, com aparência “santa”; o que corresponde, numa linguagem pastoril, a um rebanho sempre bem “tosadinho” e em linha. Pura fachada. Só que por dentro, humm... O bolor pode comer solto, soltinho. Em contrapartida, o evangelho não se prende a essas amenidades do exterior, à artificialidade da fé: cosmética, auto-indulgente, fisiologista. O que está e vem de dentro é mais importante pra Deus.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
As tradições, o Evangelho (I)
1.
4.