Em tempos de consumismo, alta velocidade, banda larga e outras formas de aceleração da experiência temporal da vida humana, não é nada fácil escrever um texto teológico sobre a espiritualidade cristã. Em primeiro lugar, por que qualquer coisa que escrevemos fica logo obsoleta pela passagem ultraveloz do tempo. Em segundo, por que qualquer coisa que escrevemos sobre espiritualidade é consumido antropofagicamente e reduzido a um “gostei” ou “não gostei” de leitoras e leitores. Enfim, por que há uma certeza prévia no tocante à incapacidade da teologia se pronunciar sobre um tema tão prático e a-teológico como a espiritualidade. Por isso mesmo, é muito bom que este livro tenha sido escrito e possa ser lido por mais do que apenas a família e o círculo de amizades de seu autor.
Este não é um livro para ser descartado assim que chegarmos às suas últimas palavras. Não é auto-ajuda secular disfarçada de espiritualidade cristã. Não é teologia tentando reduzir a espiritualidade ao âmbito da intelectualidade. Ah! Não é também a última palavra sobre o tema. O texto de Jonathan é uma reflexão pessoal e teológica sobre os riscos de ser cristão em nossos dias. É teologia e testemunho simultaneamente. Dá testemunho da possibilidade de caminhar espiritualmente em um mundo totalmente dominado pelo deus-dinheiro. Reflete criticamente sobre os riscos de confundir espiritualidade com auto-grandeza, ou com emocionalismo, ou com doutrinismo. É livro para ser lido e relido. Para ser pensado e discutido. Para ser ruminado. No mínimo, por que nos ajuda a perguntar como ser espiritual sem deixarmos de ser humanos. E esta pergunta é fundamental e indispensável. Se o Espírito de Deus fez do homem-Deus Jesus alguém para quem “nada do que é humano lhe era estranho”, precisamos dEle para que nós, meramente humanos, aprendamos a não estranharmos nad a do que nos é próprio enquanto humanidade que caminha na força do Espírito.
Júlio Zabatiero
(Coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa da Faculdade Unida de Vitória)
Pensador e professor, Jonathan gosta de correr nas horas vagas, corridas de longas distâncias, dessas que é preciso acelerar o passo e dosar o fôlego. Neste livro sobre espiritualidade, ele escreve como corre, ritmo dosado que permite na paisagem conhecida colher o desconhecido. Corre na companhia de muita gente, registrada em livros ou na vida, e nos convida também a correr, no seu ritmo, em busca de nossa humanidade escondida em algum lugar. Porque para ele, espiritualidade é isso, aprender a respirar humanamente no compasso da respiração divina. Sendo assim, sua escrita se move no paradoxo, santo e profano, simbólico e diabólico, humano e divino. Desse modo, se apresenta como escritor transgressor, imagem de Deus, o transgressor maior, o paradoxo ao infinito. Deus que se torna corpo, humano, simplesmente humano.
Marcos Monteiro
(Pastor, teólogo e filósofo. Assessor de pesquisa do Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão)
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