Eu sou um teórico. Admito isso sem jogar confetes, porque assim sou eu. Tá no sangue. O que faz de mim um teórico? É que meu ofício envolve pensar nas inúmeras possibilidades de explicação de algo e por isso invisto um bom tempo com auto e alter (do outro) análises. O que isso muda na realidade? Nada diretamente. Muda em mim, pensador, e na medida em que “me” muda, o mundo – uma partícula dele pelo menos – também muda. Para onde isto nos conduz? Para o reconhecimento de que esta tarefa é tão importante quanto a de realizar coisas.
Dependendo do círculo de pessoas para o qual falo, a questão pode se inverter e alguns objetarão quanto a superioridade da idéia em relação à ação, entendendo que esta gera aquela. Só que este é um jogo sem fim e sem vencedores. Platonistas e Aristotélicos, Hegelianos e Marxistas, Conservadores e Progressistas, Teóricos e Ativistas parecem estar sempre às voltas com a velha questão: o que precede o que? Ou: o que/quem vem primeiro?
Creio que este é um empreendimento tão infeliz quanto o de tentar determinar quem veio primeiro, se ovo ou se galinha. Inútil, como jogar o bebê fora junto com a água do banho. A complexidade da vida me conduz a uma lógica mais dilatada de e/e (mais possibilidades de leitura) ao invés da de ou/ou (oito ou oitenta) na vida de modo geral e também para esta questão. Logo, viver e entender a vida, experimentar e analisar, teorizar e praticar são termos “colegas” de jornada e não (precisam estar) em lados opostos, embora sejam diferentes.
Então, comecei dizendo que sou um teórico. A questão é: e daí que sou? Daí que ser teórico não faz de mim um não prático – em muitas circunstâncias tenho que botar em prática aquilo que creio, penso e teorizo. Tampouco me leva a ignorar a importância da prática, muito pelo contrário; e o mesmo se aplica ao prático em sua relação com teoria e teóricos. Mas, se na ocupação de nossos lugares sociais e vocações não tentássemos dividir ou dar primazia, esse papo de obviedades, que com relutância travo aqui, não passaria de “conversa pra boi dormir”. Temo, contudo, que poucas pessoas (ainda e por mais antiga que seja a questão) estejam livres da necessidade dessa conversa, com exceção dos bois e de outros animais menos complicados.
Jonathan
"Conversa pra boi dormir" rs... Legal professor.
ResponderExcluirPenso que conseguimos dar muitos Diagnósticos a muitas coisas, mas o que nos falta na maioria delas, é o Prognóstico, esse precisamos..
Deus abencoe
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