Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: ‘Sejam santos, porque eu sou santo (1Pe 1.15-16).
Quatro... É o número de vezes em que a sentença “sejam santos, porque eu sou santo” aparece somente no livro de Levítico – sem contar com esta passagem da primeira carta de Pedro, é claro, que faz referência àquela. Qual é a possível mensagem implícita nesta sentença? A de que devemos ser “iguais a Deus”? A de que nos compararemos a Ele em sua Santidade? A de que devemos lutar para que a santidade seja possível? Três vezes não! Mas, num primeiro plano, aparece a mensagem de que Deus, o Senhor, que tirou seu povo da terra do Egito, é “Santo”, isto é, incomparável, está “acima de todo nome”, não há outro igual a Ele, não é e nem pode ser idêntico a outros deuses, nem tampouco às formas, formulas ou nomes que tentam “descrever” Deus. Ele é o que é...
A Santidade, nesse sentido, é o que torna impossível qualquer espécie de cogitação sobre Deus, qualquer teologia que possa ser feita, por ser “sobre Deus”, ou visando “nomear Deus”. E a graça é o que torna, em contrapartida, possível a teologia como resposta ao falar e ao agir desse Deus Santo, no nível de nosso entendimento sobre ou da nossa experiência com este Deus.
Mas, em que medida se pode ser santo “como Deus é...”? Diria que não na medida em que ambicionamos a santidade, pois ser santo não é propriamente ambição, mas vocação. Ninguém “ambiciona” a santidade neste sentido (bíblico) estrito, pois não há vantagem, status ou benefício direto algum em ser santo. Não me torno melhor e nem pior que ninguém. Não ganho nenhum “Prêmio Nobel de Santidade”. Sou apenas “diferente”, e diferente “apenas”. E assim sou na medida em que me deixo levar pelo jeito divino de me fazer diferente sem ser extraterreno ou extra-humano – o que demonstra que a santidade sobre a qual falo não tem nada a ver com a conotação religiosa do santo-beato.
Santos, portanto, são chamados. Pedro diz: “Santo” é “aquele que os chamou”. Paulo, quando escreve aos Romanos – e esta é uma linguagem que repetidamente aparecerá em suas cartas – assim endereça: “A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos” (Rm 1.7). Santidade então não é essencialmente um alvo humano, mas alvo de Deus para a humanidade; os que são chamados “santos” na perspectiva bíblica não o são porque perseguiram este caminho ou porque fizeram “das tripas o coração” para se tornarem “santos” aos olhos de Deus e do mundo, mas porque foram “perseguidos” e atraídos por e para esta via, que é uma via de graça.
Ser santo, assim, é um fado, isto é, um destino, uma vocação. Um fado que pode se tornar fardo, às vezes, seja (dentro de um estado “normal” de coisas) quando reconheço a complexidade dessa carreira que me está proposta (fardo-desafio, que pode ter tonalidades positivas), ou, pior, é fardo quando penso que a santidade depende de mim e de meus esforços “apenas” para existir (dentro de um estado “anômalo” de coisas). Ao mesmo tempo, é uma vocação que pode e deve ser alegre, leve, cheia de vida, à medida que não se separa da graça de Deus, nem da beleza de viver e de ser humano, conformando-me com o exemplo do “filho do homem”.
A Santidade, nesse sentido, é o que torna impossível qualquer espécie de cogitação sobre Deus, qualquer teologia que possa ser feita, por ser “sobre Deus”, ou visando “nomear Deus”. E a graça é o que torna, em contrapartida, possível a teologia como resposta ao falar e ao agir desse Deus Santo, no nível de nosso entendimento sobre ou da nossa experiência com este Deus.
Mas, em que medida se pode ser santo “como Deus é...”? Diria que não na medida em que ambicionamos a santidade, pois ser santo não é propriamente ambição, mas vocação. Ninguém “ambiciona” a santidade neste sentido (bíblico) estrito, pois não há vantagem, status ou benefício direto algum em ser santo. Não me torno melhor e nem pior que ninguém. Não ganho nenhum “Prêmio Nobel de Santidade”. Sou apenas “diferente”, e diferente “apenas”. E assim sou na medida em que me deixo levar pelo jeito divino de me fazer diferente sem ser extraterreno ou extra-humano – o que demonstra que a santidade sobre a qual falo não tem nada a ver com a conotação religiosa do santo-beato.
Santos, portanto, são chamados. Pedro diz: “Santo” é “aquele que os chamou”. Paulo, quando escreve aos Romanos – e esta é uma linguagem que repetidamente aparecerá em suas cartas – assim endereça: “A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos” (Rm 1.7). Santidade então não é essencialmente um alvo humano, mas alvo de Deus para a humanidade; os que são chamados “santos” na perspectiva bíblica não o são porque perseguiram este caminho ou porque fizeram “das tripas o coração” para se tornarem “santos” aos olhos de Deus e do mundo, mas porque foram “perseguidos” e atraídos por e para esta via, que é uma via de graça.
Ser santo, assim, é um fado, isto é, um destino, uma vocação. Um fado que pode se tornar fardo, às vezes, seja (dentro de um estado “normal” de coisas) quando reconheço a complexidade dessa carreira que me está proposta (fardo-desafio, que pode ter tonalidades positivas), ou, pior, é fardo quando penso que a santidade depende de mim e de meus esforços “apenas” para existir (dentro de um estado “anômalo” de coisas). Ao mesmo tempo, é uma vocação que pode e deve ser alegre, leve, cheia de vida, à medida que não se separa da graça de Deus, nem da beleza de viver e de ser humano, conformando-me com o exemplo do “filho do homem”.
Jonathan
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