A reflexões que seguem nesta breve série são fruto de perpectivas pessoais e comunitárias, colhidas na Semana de Espiritualidade do ISBL (Maio-2011). Meus colegas (pastores Carlos e Vanderlei) e eu ficamos a cargo de oferecer pistas e provocações acerca de uma "espiritualidade integral" (ou que se enseja como tal) aos nossos alunos e convidados na semana.
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A tese defendida nesta semana foi de que a espiritualidade tem a ver com a qualidade de nossa relação com Deus, seja como vida vivida na fé (como enfatizou Vanderlei), seja como cumprimento de um dos propósitos de Deus desde a criação, que é o de caminhar e ter intimidade com Ele (como Carlos defendeu). Tentando também dar minha própria definição de espiritualidade, eu diria que espiritualidade pode simplesmente ser descrita como o modo de ser do cristão guiado pelo Espírito. O que segue é resultado de uma abordagem mais pessoal.
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A primeira pergunta, então, é: qual é o lugar do outro na espiritualidade cristã? Qual é a relação entre espiritualidade e alteridade?
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A primeira pergunta, então, é: qual é o lugar do outro na espiritualidade cristã? Qual é a relação entre espiritualidade e alteridade?
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Se esse modo de ser é relacional, e se as relações são dinâmicas, então não há regras gerais ou modelos que dêem conta, e teremos tantos “modos de ser” quantas são as pessoas numa comunidade de fé. E porque é relacional e dinâmica, a espiritualidade depende da vida com o outro.
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Primeiro, a espiritualidade só existe por causa do Outro, que é Cristo. Ou seja, Cristo é a razão de ser da espiritualidade cristã; nossa vida é originada pela vida de Cristo, iluminada por sua Palavra, e guiada pelo seu Espírito. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente” (Rm 11.36).
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Segundo, porque essa vida, que é originada, iluminada e guiada em Cristo, encontra seu melhor sentido no encontro com o outro, o próximo, o irmão de caminhada. Meu encontro com Cristo me conduz inevitavelmente ao outro, e muitas vezes se dá precisamente através do outro. Desde o princípio Deus fez essa escolha: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Dois é sempre melhor que um: na alegria ou na dor, na celebração ou no luto. Já dizia Vinicius de Morais: “Pense muito, que é melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho”. A esta vida partilhada é que o salmista se refere quando diz: “Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos... ali o Senhor ordena a sua benção e a vida para sempre” (Sl 133.1,3).
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Espiritualidade, nesta perspectiva, é o encontro com o Outro (Deus) por meio do outro (próximo).
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Outras perguntas que tentarei responder nos próximos posts: Quando e como passa a existir a comunidade? De que modo a comunidade pode melhorar minha espiritualidade? Que implicações a perspectiva de uma espiritualidade comunitária traz?
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(Cont.).
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Jonathan
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