segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sobre Missão Integral e o reforço de dicotomias

Nesse último feriado de Corpus Christi reuniram-se os participantes da Fraternidade Teológica Latino Americana no Brasil para a consulta realizada no Rio de Janeiro, na qual se propôs uma revisão de caminhada do movimento de missão integral em sua recente história, bem como um olhar para adiante, aos novos desafios.

Dentre os pontos que me chamaram a atenção, está a inquietude de alguns dos presentes, já no segundo dia do evento, que parecia ter a ver com um “problema de ênfase” das palestras: mais história, menos desafios; mais teoria, menos prática – questão que ficou “mal-resolvida” até o fim da consulta.

Sobre isso, serei direto: precisamos ser criteriosos até mesmo com nossas inquietações, colocando-as a prova o tempo todo, para que não reforcemos na prática o vício histórico que, no discurso, desejamos combater. Assim, é óbvio, mas não custa relembrar:

Teoria e Prática são dimensões indissociáveis de uma vivência holística da missão.

A teoria alimenta e orienta a prática. Esta, por sua vez, oxigena e reinventa a teoria, podendo provocar reciclagens mútuas, sempre que necessário. A suposta superabundância de uma em detrimento da outra não justifica uma reação igualmente uniformizante. A melhor reação é sempre aquela que busca a reconciliação e o equilíbrio (tão distante de nós). Em outras palavras, precisamos voltar a estimular a articulação dinâmica entre teoria e prática (a que chamamos “práxis”) em nosso fazer teológico – o que inclui reinventar-se ao ponto de não mais reproduzir fórmulas viciadas e pouco efetivas, como alguns entenderam ter sido a do encontro mencionado. Desse modo, tal fazer poderá não mais estar dissociado e, sim, provocar, tanto quanto resultar em, uma vivência da missão da igreja adequada ao seu contexto, tempo e necessidades. Já não é chegada a hora de avançar?

Avançar, nesse sentido, implica em: (1) olhar para frente sem, porém, ignorar o edifício histórico que nos precede, e (2) aprender a valorizar e a criar espaços em que fluam livremente tanto a reflexão quanto as ações participativas. Precisamos, ainda que como quem “cutuca um vespeiro”, questionar os monopólios e “lugares comuns” da missão integral, e dar um “viva” receptivo ao diálogo e à diversidade, características que marcaram, ainda que parcialmente, a caminhada histórica da FTL até aqui.

Jonathan

2 comentários:

  1. Oi Jonathan, estive lá também, e gostei muito

    Abraços

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  2. Caro Jonathan,
    Esta foi exatamente minha maior inquietação na consulta.
    A teologia da Missão Integral não é assim chamada, em parte, porque combate as dicotomias gratuitas? Se sim, então devemos ter o cuidado para não criar novas dicotomias, em nome de uma "teologia contextualizada". Não acha?
    Abraço!

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