sexta-feira, 14 de maio de 2010

Um encontro entre dois mestres

Um encontro entre dois mestres. Nicodemos (um dos mestres da Lei), e Jesus (aquele que não veio revogar a Lei, mas cumpri-la e trazer a Graça).
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O primeiro, representando a antiga ordem, e o segundo, a “nova ordem” da aliança de Deus com seu povo. Ambos expressam pontos de vista bem diferentes sobre Deus, sua obra, seus milagres, a salvação, e o reino. A propósito, esse reino virá ou já veio? Como se pode vê-lo ou entrar nele? Essas são algumas das questões que permeiam esse enigmático diálogo.
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Jesus veio anunciar uma nova ordem de vida, que transcendia os meros costumes e tradições judaicas, uma ordem prevista pelos profetas, porém distorcida pelas expectativas e pressuposições da visão tendenciosa do sistema religioso vigente. E quais seriam então os esquemas componentes dessa nova ordem? Parece que o discurso de Jesus desordenou as idéias de Nicodemos, ao mesmo tempo em que provou sua ignorância a respeito de verdades espirituais que passavam longe da compreensão dos mestres de Israel. A palavra de ordem aqui parece ser regeneração (formar de novo). Mas regeneração de quê? Para quê? Não seriam os da casa de Israel os escolhidos, os legítimos portadores do passaporte vitalício para o reino dos céus? Falar de regeneração para um regenerado, só pode ser brincadeira...
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Mas não é! Esse encontro evoca muitas compreensões diferentes, dentre elas, a de que, como o mestre Nicodemos, podemos saber muito sobre a lei, conhecer "de cor e salteado" seus preceitos, e, ainda assim, estar bem distante da profundidade que ela reserva. Não seria esse um produto peculiar da religião?
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E o que este texto tem a dizer para nós hoje, pessoas “regeneradas” do povo de Deus? Como o parecer de Jesus pode encontrar ressonância num mundo repleto de outros Nicodemos, de religiosos de fachada, de gente que não quer saber de Deus ou que acredita que Ele pode estar em todas e quaisquer propostas ou caminhos de salvação existentes, não fora da Igreja, mas fora de Cristo?
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Quanto à pluralidade de propostas e caminhos (seculares ou religiosas) para “regeneração” do ser humano hoje, bem como ao patente fracasso do cristianismo em tantas instâncias, como diz John Stott, “não somos levados a concluir que o evangelho não é verdadeiro, mas, sim a examinarmos a nós mesmos e, conseqüentemente, a nos arrependermos e mudarmos de vida, adotando melhores formas de compartilhar as boas novas com os outros” (John Stott. Ouça o Espírito Ouça o Mundo, p. 334).

Jonathan

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