É certo, para fins cognitivos e práticos, que encontro e diálogo não existem para negociar questões fundamentais de fé, mas serve para potencializá-las. Aquele que tem segurança a respeito de sua própria identidade não tem de ter medo do diálogo. Dessa forma, o ecumenismo – do grego oikomene, toda terra habitada – brota da consciência de que todos os cristãos possuem uma militância em comum: o reino de Deus.
O reino é a causa que reúne os diferentes; quem vive nele e por ele, tem a percepção de que a oikos (casa) do outro é também a sua, e pode se tornar um melhor lugar para todos se aprendermos na prática o simples (e complexo ao mesmo tempo) ensinamento de Jesus: ame seu próximo como a si mesmo.
O fim maior do ecumenismo consiste em edificar e validar o testemunho cristão no mundo. Como observou certa vez um teólogo luterano, se atentássemos à unidade nas coisas essenciais, à liberdade nas não-essenciais, e o amor em todas as coisas, nossas relações talvez não estivessem na melhor situação possível, mas com certeza estariam numa melhor situação. E, acrescento: a igreja não cairia no descrédito em que, infelizmente, tem caído nos últimos tempos perante a sociedade civil.
Uma das barreiras ao ecumenismo é esse nosso apego descabido às coisas e às instituições, deixando as pessoas em segundo plano. Na bíblia vemos um Deus irado contra as instituições (cujos propósitos são deslocados) e que ama sobremaneira o ser humano. Por outro lado, temos invertido esse princípio: amamos as instituições e odiamos os homens. A instituição deve existir em função do humano e não o contrário.
Ser ecumênico é ser totalmente apaixonado por tudo o que toca o humano, à medida que se é tomado por uma paixão pelo Senhor. Quem conhece a Deus precisa, necessariamente, reconhecê-Lo no outro. Não há dissociação: nossas relações humanas são um reflexo mais que real de nosso relacionamento com Deus. Quem diz que ama a Deus e não ama a igreja e as pessoas, automaticamente anula essa suposta declaração de amor.
Este é um dos princípios do ecumenismo, do diálogo, e da celebração das diferenças: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão” (1Jo 4.19-21).
Jonathan
Gostei do seu artigo, sou um professor de teologia que começou a disponibilizar de algumas aulas em vídeo em meu blog.
ResponderExcluirwww.vivendoteologia.blogspot.com
Bom demais o texto, Jon; e a ilustração é um show a parte. abs
ResponderExcluir