segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Não é proibido pensar (I)

A questão de John Stott em seu livro “Crer também é pensar” continua sendo relevante: Qual é o lugar da mente na vida do cristão iluminado pelo Espírito Santo? Mas peço licença a ele (Stott) para reformular um pouco a questão: Como posso situar a razão e as emoções em relação à fé no contexto pós-moderno?

Algumas contribuições à questão serão dadas nos próximos três posts, a partir de alguns "rótulos" comuns dentro e fora do âmbito cristão.

(Rótulo 1) “O místico não pensa, só sente, flui e transcende

Sim, o místico cristão sente, transcende, mas também tem que pensar. Antes de tudo, porque o cristianismo é uma religião de revelação – “Logos”. Do contrário, como os autores bíblicos teriam transmitido a mensagem do logos sem antes colocá-la na moldura do pensamento, da linguagem ou da cultura?

E é tarefa nossa hoje, interpretar, refletir e ensinar essa palavra. Como posso fazer isso sem pensar?

C. S. Lewis disse: “A fé... é a arte de se aferrar, apesar das mudanças de humor, àquilo que a razão já aceitou”. Como diz outro pensador, Hans Küng: “O sim a Deus, portanto, é uma questão de confiança, se bem que confiança é em si mesma perfeitamente racional. Para esse ato de confiança não existe nenhuma prova racional, mas existem certamente muitas razões sensatas”.

Posso até crer porque é absurdo, como afirmou Tertuliano, mas se trata de um absurdo que faz algum sentido (racional) para a vida.

Jonathan

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