domingo, 26 de outubro de 2008

Semanal de Amsterdam (VIII): Deus é bom em todo o tempo!

Esse semanal será o mais curto de todos. Só escrevo para dizer que essa simples confissão de fé me arrebatou mais uma vez essa última semana. E tudo simplesmente porque parei para pensar como Deus tem sido bom comigo nesse último ano. Quantas portas ele tem aberto sem que eu mesmo peça e nem imagine, ou mesmo quantos presentes Ele me deu sem que eu mesmo pedisse. A frase de Simone Weil me “caiu como luva”: Não recebemos os grandes presentes da vida correndo atrás deles, mas esperando por eles.

Estar nessa cidade, vivenciando tudo o que tenho vivenciado, e relatado aos poucos aqui, certamente é um desses grandes e inesperados presentes. Uma das marcas que certamente ficarão em minha vida é poder me relacionar com pessoas de praticamente todo o mundo representadas num grupo de apenas 13, que é a turma do Bridging Gaps. É prazeroso ver que tem gente boa de Deus em todo lugar, além de experienciar a diversidade de um modo tão rico, seja por meio dos mal-entendidos (que acontecem direto, é muito comum a pessoa falar A e você ouvir ou entender B, e vice-versa) como também do comum entendimento de que somos iguais em Cristo: não há judeu, nem grego, nem homem, nem mulher, negro ou branco, escravo ou livre, e assim por diante (Gl 3.28).

Ao mesmo tempo, fiquei pensando em como minha constatação de que Deus é tão bom muitas vezes está condicionada pelas circunstâncias de vida. Tipo: Deus me presenteou com um carro, e isso significa que Ele é muito bom. Mas, e para aquele a quem Ele não presenteou, será que a afirmativa é a mesma? Quando tenho um emprego maravilhoso, onde faço e que gosto e ainda recebo muito bem, digo: “puxa como Deus é bom!”. Mas, e se eu estiver desempregado e passando por dificuldades, terá Deus ocultado sua bondade? Nossa percepção da bondade de Deus é dualista e focalizada em nós mesmos. Ano passado, quando vivenciei experiências de sofrimento e angustia, será que meu coração tinha a mesma disposição para dizer: Deus é bom em todo o tempo?

Estou repetindo o óbvio, porque o óbvio é, paradoxalmente, o mais difícil de ser vivido. É óbvio que Deus me ama, e é óbvio que Ele é bom em todo tempo, mas será igualmente fácil repetir de modo prático essas sentenças no troca-troca de situações de vida, em especial, da vida cristã? Poderemos dizer como Paulo: Pois eu estou bem certo, de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura, serão capazes de nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor? (Rm 8.38-39). Que o Senhor nos ajude para que nossas confissões acerca de seu amor e bondade sejam cada vez mais desafetadas pelo tempo, as circunstâncias e as marcas deixadas por algumas delas.
Ps. Não sei quando será o próximo semanal. Estou indo pra Londres, Roma, Paris. Depois volto a Amsterdam. Se conseguir escrever algo de lá, postarei aqui. Senão, até a volta amigos!

Jonathan
Foto: Trem em movimento

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto jon... não tenho tudo que peço a Deus, mas assim mesmo sou grata por tudo o que Ele te me dado, e com a certeza que grandes coisas ainda virão.
Beijos e boa viagem!