terça-feira, 12 de agosto de 2008

O Valor Divino do Humano (II)

Nós os protestantes (falo a quem cabe essa alcunha) somos herdeiros de uma tradição, desde Agostinho, que teve a tendência de diminuir e desprezar o humano que há em nós. Somos os seres mais diminutos e indignos da criação, diria o Santo. Somos, portanto, herdeiros de um dualismo platônico agostinianizado, que detém apenas o “espiritual”, desprezando o que é material, terreno, humano. E isso fez e tem feito um estrago tremendo em nossa espiritualidade, que busca uma santidade desencarnada, baseada em esforços humanos – é claro que aqui já tem um “dedo” arminiano, mas isso já é outra história, e bem polêmica.

O esforço de Urteaga é o de mostrar que santidade e humanidade não são inimigos mortais. Pelo contrário, o santo deste mundo não é o de faceta angelical, que se esquiva, que não se contamina, mas é aquele que assume todas as implicações de sua humanidade, tanto as boas como as ruins, e vive pela graça e somente por ela é salvo, e ela o encoraja e o fortalece para a vida, principalmente em meio às fraquezas. “O santo deste mundo é a plena realização de nossa verdadeira natureza, o perfeito cumprimento da eterna idéia que Deus tem do homem: é o cooperador de Deus na obra do mundo” (p. 36).

Minha recomendação final é o conselho de Urteaga aos seus leitores, a título de uma chapuletada: “Se, de fato, queres ser como os outros e limitar-te ao pouco que fazes, fecha este livro, e fecha sobretudo o livro que contém a doutrina para a grande rebelião dos cristãos: o Evangelho” (p. 50).

Jonathan

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