segunda-feira, 7 de julho de 2008

Reflexões sobre vida e morte (I)

Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete... e o dia da morte, melhor que o dia do nascimento” (Ec 7.1,2).

O que é melhor: a tristeza ou a alegria? A morte ou a vida? O que prefiro: um fusca ou um jaguar? Sol escaldante ou sombra e água fresca? Parece que as escolhas mais comuns são óbvias demais em todas essas antinomias. A melhor opção sempre aparenta ser aquela que oferece mais conforto, que atenda da melhor maneira possível os desejos do coração. Mas o coração é enganoso, o prazer é ludibriante e a alegria (contentamento) é alienante. Nem sempre os caminhos mais fáceis levarão a um destino melhor. Completar bem a jornada pode significar e, muitas vezes, significa trilhar por caminhos tortuosos.

Não penso que o pregador – como é chamado o autor de Eclesiastes – esteja negando as vantagens inerentes à sempre levar vantagem na vida, em sempre poder optar pelo que, na lógica humana, se apresenta como a preferência mais natural. Ele apenas está querendo mostrar que há realidades na vida que só são perceptíveis por meio da desvantagem, do sofrimento, do luto. Esse é o tipo de afirmação que só se torna possível para quem já experimentou de tudo na vida para, no fim das contas, ser capaz de discernir caminhos produtores de sabedoria de outros caminhos que são loucura e pura vaidade.

De tão sábio, Deus parece um louco. As lógicas de deus, contrárias às abstrações da mente humana, limitada no tempo, no espaço e pelo pecado, são totalmente ilógicas pra quem só consegue ver as coisas através desse “eu” imerso no mar de expectativas da inumanidade global.


Jonathan

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