segunda-feira, 28 de julho de 2008

Manifesto contra o Prometeu desacorrentado

Parece-me que as eleições é um período em que, como tantas vezes na história, a memória costuma sofrer constantes atentados. Um dos atentados mais graves é a amnésia coletiva, que leva a população ao esquecimento de episódios políticos tão nevrálgicos outrora vivenciados. Os grandes protagonistas destes atentados à memória coletiva são os próprios políticos. Não estou me referindo a uma vala comum, onde se insere toda a classe política, mas me reporto a uma categoria política específica, que aqui decidi intitular Prometeu desacorrentado.

Prometeu desacorrentado é uma versão satirizada e re-significada da tragédia grega (escrita entre 462 e 452 a.C.), cuja autoria é atribuída a Ésquilo, que se chama Prometeu Acorrentado. Apesar de também ser uma tragédia em seus termos, o cenário político que aqui vislumbramos não se trata de ficção; tão pouco se passa na Grécia Antiga; mas é uma perspectiva da realidade política nacional e também de minha cidade, Londrina. Quero falar um pouco sobre o nosso Prometeu. Trata-se de um político corrupto (perece até pleonasmo), desleal, populista, demagogo, aclamado pelas massas mais humildes (o chamado “povão”), e abominado pela elite intelectual “mais abastad, sendo que parte dela e de todo o “resto”, está muito mais preocupada com a conservação de seus privilégios (como é o caso da classe média), mesmo que isto signifique render-se às fascinantes promessas de Prometeu.

Como cidadão, não posso deixar de me indigar com a prática de políticos como Prometeu, para quem muito interessa a manutenção da ignorância e do aparente disparate de memória de nosso povo sofrido e caluniado. Prometeu se aproveita disso, e promete continuar a realizar as obras faraônicas as quais, num passado não muito distante, mas que parece escapar à lembrança de seus fiéis eleitores, foram “interrompidas” sob “falsas acusações” de seus opositores, assim alega ele. Prometeu é um legítimo representante da perpétua corja de assassinos da justiça e da ética, que grassam no cenário fétido e podre da política brasileira desde seus primórdios.

E o que fazer então, visto que nem a própria justiça deste país consegue acorrentar devassos como Prometeu, que, assim, podem prosseguir gozando dos direitos civis e políticos de todo cidadão, usando e abusando da prerrogativa de prometer e ludibriar as pessoas? Melhor que a justiça parcial deste país, é o desacorrentar de nossas consciências e o uso correto do voto como forma inequívoca de dar UM BASTA aos “Prometeus” de nosso país, acorrentando-os pela força da democracia - uma quimera? - e varrendo-os de vez de cena. A todos nós, cidadãos e cidadãs brasileiros, discernimento, paz e lucidez no pleito que se aproxima.

Jonathan

Ps. Tempos depois de ter escrito esse texto, descobri que há um livro com o esse título: Prometeu Desacorrentado, de David S. Landes, sobre a transformação técnológica e o desenvolvimento industrial de 1750 até hoje. Só para constar!

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