Há cerca de oito anos conheci a dona Maria Rosa, avó do Raoni, um grande amigo meu, a qual vivenciava dias difíceis, lutando contra um câncer, que atacara sua garganta. Mesmo com as dores e a dificuldade em respirar devido aos agravos da doença, Maria encontrou forças para buscar a Deus naquele momento tão difícil e penoso, clamando para que curasse tanto a ela como a seu esposo, que também sofria com câncer no estômago. Embora as evidências diagnosticassem uma doença bastante avançada, pude ouvir as palavras confiantes desta senhora, que persistia em afirmar: “Jesus me curou! Eu tenho certeza que estou curada, em nome dele”.
O exercício da fé é algo misterioso e ao mesmo tempo extraordinário. E aqui não me refiro à “fé” adotada como barganha (basta ter fé para conquistar esta ou aquela vitória, realizar o mais dificílimo dos desejos). Não, definitivamente! Aliás, as pessoas precisam entender que esse tipo de artifício é contraproducente para o amadurecimento na verdadeira fé, que é um dom e não um afã. A fé, sim, tem poder para transformar uma situação fatídica ou adversa em benção, só que quem confere este poder não é exatamente o sujeito que crê, mas o Espírito que nos iniciou na mesma fé.
A transformação não ocorre por causa de uma determinação positiva de nossa mente, mas de acordo com a medida da Graça e da Soberania de Deus. O que nos cabe, por fim, é crer “sem duvidar”. Veja, isto não significa que no aprendizado da fé não tenhamos que conviver com eventuais dúvidas, posto que um ato sincero de fé implica em uma relação tão aberta com Deus, de alma, mente e coração, a fim de que Ele possa nos auxiliar a substituir a dúvida pela certeza, algo que não é tão simples. Jesus parecia não desconsiderar a hipótese de dúvida na fé, embora dissesse que tudo é possível ao que crê. Lembro-me das palavras do pai de um jovem possesso: "Eu creio. Ajuda-me na minha falta de fé".
Dentre todas as coisas o que mais nos falta talvez seja a predisposição em romper com as muralhas de nosso materialismo enraizado, do fatalismo e da amargura, que nos inibe em vivenciar uma fé mais ousada e corajosa, assim como a de dona Maria, que, mesmo tendo perdido seu marido, o Sr. Antonio, que veio a falecer, hoje pode continuar gozando da alegria de viver e lutar as batalhas da fé, pela vida, ao lado de Jesus, porque ela creu e foi curada. Dizer ao monte que se erga, ou afirmar de coração “Jesus me curou”, não significa repetir um jargão falacioso ou realizar um ato heróico, mas sim saber em quem se tem crido e o quão fiel e poderoso Ele é para realizar infinitamente mais de tudo aquilo que possamos pensar ou colocar nossa confiança. Essa é a verdadeira cura.
Assim, a fé pode ser vista como um salto de coragem que damos pelo poder da Graça. Fé é a convicção de que é preciso assumir riscos, e reconhecer que a vida nos guarda surpresas que não esperamos, mas que Jesus também nos surpreende com seu amor.
Jonathan
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