Embora não seja algo simples, penso que deve ser uma tarefa constante essa de repensar nossa forma de entender Deus e se relacionar com Ele. Diferentes expectativas, imagens e projeções estão em jogo quando falamos, oramos, balbuciamos, escrevemos... “Deus”. Quem é? Como se revela e como se relaciona com a gente?
Geralmente, esse montante de expectativas insurge, como corolário, acompanhado de uma série promessas, visões e perspectivas de quem Deus é. Dependendo das circunstâncias e variáveis existenciais, ele é cotado como X, como Y ou como Z; ainda que X, Y e Z não entrem em contradição entre si, é impressionante como assumem cores absolutas e tons definitivos assim que surgem. Isso significa que, consciente ou inconscientemente, ávidos por definições que somos, queremos pôr Deus dentro de caixas, que comportem exatamente o tamanho de nossas ingênuas, e às vezes tão eqüidistantes biblicamente falando, projeções sobre Deus, como se Ele coubesse mesmo nelas.
Conceitos são sempre visões limitantes e parciais sobre algo. São “igualações do não-igual”, parafraseando Nietzsche; ou seja, o que se quer dizer é que todo conceito nasce da identificação do não idêntico, posto que jamais nos encontramos com a essência do que é-em-si-mesmo. Deus não é conceito, nem cabe num conceito. Ele transgride todas as normas e desvia dos julgamentos. Sou levado a pensar em Deus como infinito transgressor, porque ele não se “encaixa”; e digo isso não pela pretensão de “encaixá-lo” de modo mais sutil, mas precisamente pela impossibilidade de fazê-lo, interditado pela própria linguagem – finita, parcial, cambiante.
Deus é transgressor! E a maior de todas as suas transgressões parece mesmo ter sido o fato de ter escolhido viver como, amar e morrer para que seres como você e eu pudéssemos ter vida e sentido existencial. Deus transgrediu sobre si mesmo por causa de nossas muitas e incontáveis “transgressões”. Quer transgressão maior que essa?
Jonathan
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