Talvez um dos assuntos mais espinhosos que qualquer um possa tomar a peito em nossa sociedade e, quiçá em nossas igrejas, é o da sexualidade. Mesmo em tempos em que, na prática, as pessoas têm "avançado" consideravelmente nessa matéria, seja por via propagandista (novelas, filmes, internet, etc.), seja pelo simples fato de que poucas coisas têm tido a capacidade de refrear os ímpetos de nossos jovens hoje no campo da sexualidade - e aqui incluo a própria religião e suas "leizinhas" de reprimenda e escravização do eu - ainda nos encontramos retroagindo, especialmente quando se tenta utilizar a mente e inteligência que Deus nos deu para pensar e propor alternativas que não apenas sejam bíblica e teológicamente viáveis, como também relevantes a atuais, levando em consideração nosso contexto, e não apesar dele (como se ainda vivêssemos de e no passado).
Na últimas férias, enquanto lia "O Conceito de Angústia", de Sören Kierkegaard, escrito em 1844, deparei-me com uma simples e brilhante denúncia:
"Todo o problema da importância da sexualidade nos mais diversos domínios tem sido, até o presente, insuficientemente tratado e, sobretudo, raras vezes no tom justo. Produzir gracejos a este respeito não passa de uma arte bem miserável; fazer de censor, é demasiado fácil; extrair daqui sermões, passando por cima da dificuldade, não é menos doentio; mas falar sobre o problema de maneira verdadeiramente humana, eis o que constitui toda uma arte".
Nós, homens e mulheres, negros ou brancos, pobres ou ricos, religiosos ou não (embora esteja interessado em me reportar, nesse caso, principalmente aos evangélicos) precisamos urgentemente aprender essa arte da qual fala Kierkegaard. No momento, ainda estamos a quilômetros de distância disso... Mas quem sabe (e oxalá) o amanhã, apesar de todos nós, possa ser um novo dia (Chico Buarque). Luto e espero por esse novo dia, em que a liberdade de Deus possa de fato encontrar guarida em nosso ser, ainda imerso em extremismos de toda espécie.
Nos próximos posts, quero trazer algumas contribuições de autores que admiro sobre o tema da sexualidade. Continuem acompanhando, e vamos debater a respeito.
Jonathan
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