Sinceramente, tirando as palavras facebook e twitter, não vejo nada de novo, nem de atual nesta frase; só a velha opressãozinha evangélica de sempre, de que não conseguimos dividir nosso tempo, de que não temos tempo pra Deus, pra orar, de que não jejuamos mais, e blá blá blá. Isso é falta de uma tripla percepção, a meu ver: 1. De que os tempos são outros; mas nem por isso as atrações e fontes de entretenimento de hoje, explicam nossa dificuldade com a oração, que não é de hoje; 2. Reduz a espiritualidade a esse negócio de "tempo com Deus". Quando reconheço que minha vida é Dele, por Ele e para Ele, que tempo não é para Deus? Isso é coisa muito americana (que me perdoem os americanos não fanáticos por fórmulas) e muito Richardfosteriana (desculpem-me os fãs dele) pro meu gosto, nada de novo. 3. Não percebe que orar é mais do que ter ou não ter tempo; orar é viver, é expressão de minha constante dependência e relação com Deus. O "tempo" que dedico não necessariamente determina a qualidade da oração. Muito menos diz alguma coisa sobre meu amor a Deus ou vida na graça. Se orar é viver, por que um tempo de oração de 3 horas seria melhor que o de 3 minutos?
Ah, mas se eu não passar "um tempo" desses em oração, não estarei provando a Deus que o amo e que me interesso por um relacionamento com Ele. Isso é barganha, minha gente. Se conhecerem outro nome, mais apropriado e politicamente correto, que continuem dizendo e se enganando: "tempo com Deus", "vida devota", "coração de adorador", e sei mais lá o quê. Só sei de uma coisa: estou bastante cansado de ver a perpetuação dessas velhas e caducas opressões evangélicas, que são fruto de uma teologia muito superficial e vaga sobre oração. A vida, bem… essa é mais complexa que essas fórmulas infantis e tolas podem abraçar; e pior é que elas acabam tirando nossos olhares de coisas mais sérias, mais difíceis de ser encaradas e, mais que isso, tratadas, como o orgulho humano, por exemplo. A pessoa pode ser orgulhosa e o diabo a quatro. Mas se ora bastante e não fica perdendo tempo escrevendo respostinhas no seu blog, twitter ou facebook, tá garantida, tá agradando a Deus (ou pelo menos a opinião pública evangélica de plantão). Ora, tenha santa paciência, vamos crescer, gente boa!
Por uma teologia do saco roxo, subscrevo!
Jonathan