a mim também soou um pouco (embora não totalmente) estranha essa discussão. Não pelo fato das nomenclaturas em si – até porque, creio que essa é uma discussão até atual, em meio a tantos “novos” títulos eclesiásticos que têm pipocado na igreja evangélica brasileira – mas pela grande importância que se deu a se chamar ou não "reverendo" ou "pastor". O anseio pelas nomenclaturas tem a ver com o exercício do poder e institucionalismo humanos. É algo enraizado no modo de ser humano. Não penso que serei menos “pastor” porque me chamam de Jonathan, nem menos “pastor presbiteriano” porque não me chamam de reverendo, sendo o contrário também verdadeiro. Mas as pessoas lidam o tempo todo umas com as outras muito mais por aquilo que fazem (Dr. Fulano de Tal, Empresário Beltrano, etc.), do que propriamente pelo que são – e vejam, quando digo “as pessoas”, estou incluindo “nós”. É a velha crise entre ser e ter de novo na praça, num mundo em que claramente mais se tem optado pelo ter, pela ostentação, pelo status quo, do que pelo ser em si – talvez porque tenhamos perdido o sentido do que seja o tal "ser". Afinal, o que é o ser?
Ou seja, estamos irremediavelmente ligados a essa atividade de instituir, nomear, intitular. Assim sendo, penso que, se o poder como dominação, ostentação e status quo, bem como a bajulação a quem ostenta, é algo do ser humano, este imerso em pecado, mudar o nome ou deixar de chamar "X", "Y" ou "Z", de nada adianta, porque se ataca assim o que é periférico, perdendo-se a raiz do problema, que está no coração humano. Antes de mudar os nomes, ou deixar de dizê-los, precisamos mudar, sim, os relacionamentos, as posturas, e a idéia de sacerdócio em si, quando (cada caso é um caso) assim necessário. O problema não é poder, nem são os títulos, mas o que fazemos com eles. Lembremos do que disse Pedro aos presbíteros: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (1Pe 5.2-3).
Deveríamos ter mais coragem de pregar contra nós mesmos e contra as posturas e relacionamentos que muitas vezes endossamos, do que simplesmente “mudar os nomes” ou as formas de tratamento. Não julgo, com isto, a atitude dos irmãos da IPI de Maringá. Se, bem ou mal, essa foi “a solução” por eles encontrada, respeito. Mas não creio que seja uma discussão fértil, caso se fique atacando apenas os “nomes”, se esquecendo do princípio que está por trás de quem os profere e de quem os aceita e ostenta.
Com isso, quero dizer que ser chamado de reverendo, pastor, etc., é o que menos importa, quando, no fundo, em meus relacionamentos e posturas, procuro deixar bem claro que existe uma pessoa, humana, falha, mas que está tentando acertar com a graça de Deus, por trás do rótulo; e que se difere das outras apenas pelo chamado específico de Deus, o que não confere a ela lugar superior ou mais importante, apenas um lugar “diferente”, e não somente diferente, como também insuficiente, se não contar com o apoio das demais partes que forma o todo. Precisamos de uma revolução nas atitudes! Continuemos a pensar...
Fraternalmente,
Jonathan
Jonathan
5 comentários:
Jonathan,
muito bom o post. Penso absolutamente igual. O problema é que é mais fácil se esconder atrás do rótulo, seja ele qual for. Ele mantém um status quo que não convém ser alterado (pelo menos é o que a maioria acha).
Muito bom!
abraço
Concordo plenamente, amor!!! Que bom seria se todos tivessem essa lucidez..
Beijos
Muito interessante, Jonathan. Mas onde é que fica, nisso tudo, o 'negar a si mesmo'? Se devemos negar-nos a nós mesmos, pra que o rótulo? Não me aprofundei muito, mas lembro que o profeta Jeremias (em outro contexto, é claro) afirma que não se negou a ser pastor seguindo ao Senhor (Jr. 17:16). Gostei da sua colocação, até porque sempre me senti chamado por Deus para fazer, e não para ser alguém. A Deus toda a glória.
Abraços.
Marco Antonio
Perdoem-me pelos erros de linguagem!
Sou iniciante na arte de ler e escrever. O tempo que deveria ter dedicado aos estudos passei usando drogas, mas agora que fui liberto por Jesus quero tentar recuperar o tempo perdido.
Se esta discussão nos levar a pensar mais profundamente sobre a motivação em que os "rótulos eclesiásticos" são impostos, terá algum proveito, embora não seja nada fácil (ou impossível) discernirmos com exatidão os desígnios dos corações.
Um dos pontos a serem considerados é o nível do relacionamento que temos com nossos pastores. Por exemplo, Jesus é o Senhor dos senhores, mas, nem sempre nos referimos a Ele como Senhor. Pois, além de Senhor, também o temos como amigo, e, este nível de relacionamento dispensa a verbalização do rótulo que Ele possui.
Olhemos a questão por uma perspectiva diferente. E, quando não são os pastores que desejam a verbalização dos "rótulos eclesiásticos", mas seus membros?
Eu, por exemplo sou pastor de uma pequena Comunidade Evangélica, onde meu desprendimento com os títulos, a quantidade reduzida de pessoas e a intimidade com as mesmas levaram alguns a me chamarem apenas pelo nome sem o rótulo "pastor", o que gerou desconforto nas pessoas que estavam mais recentes na igreja.
Veja, que "PARADOXO" (Estou tentando utilizar palavras novas em meu vocabulário). Se por um lado os rótulos eclesiásticos são vistos como "autoritarismo" por alguns, a ausência dos mesmos também é vista como "falta de respeito" por outros.
Parece-me que no "geral" para os fiéis apenas o "nome" é pouco, "reverendo" é muito, e "pastor" é mediano. Mas, o que fazer com os "Apóstolos" e "Patriarcas" que estão surgindo?!?
Pensemos mais sobre o assunto ;)
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